OINPI publicou, no dia
1º de agosto de 2023, o reconhecimento do Cerrado (MG) como região produtora de
queijo de leite de vaca cru integral. O pedido de Indicação Geográfica (IG), na
espécie Indicação de Procedência (IP), foi solicitado pela Associação de
Produtores de Queijo Minas Artesanal do Cerrado.
Com essa concessão, o INPI chega
a 114 Indicações Geográficas, sendo 81 Indicações de Procedência (todas
nacionais) e 33 Denominações de Origem (24 nacionais e 9 estrangeiras).
A documentação apresentada
ao INPI demonstrou que, no passado, portugueses e brasileiros foram
para a região do Cerrado mineiro à procura de ouro e pedras preciosas. A farta
distribuição de terras propiciou uma corrente migratória para a região, na qual
gradualmente a pecuária passou a ser a nova fonte de recursos devido às suas
pastagens naturais, que permitiram a formação dos primeiros rebanhos.
Com o passar do tempo e o
aumento dos rebanhos, a grande quantidade de leite produzida e não consumida
estimulou a produção de queijos artesanais como forma de preservação daquele
leite.
Originalmente, o queijo era
consumido pelas famílias locais ou comercializado junto aos tropeiros que
passavam pela região e distribuíam estes produtos para toda a comarca de
Paracatu e províncias de São Paulo e Goiás.
No século XIX, mais
precisamente em 1872, surge a primeira ferrovia no Triângulo Mineiro, a Cia.
Mogiana de Estradas de Ferro. Em 1913, a ferrovia Rede Mineira de Viação
alcança Campos Altos e, em 1916, a Serra do Salitre. A melhoria dos meios de
transporte ajudou a organização socioeconômica, facilitando o escoamento dos
queijos produzidos nesta região.
Os queijos do Cerrado são
considerados de alta umidade, sendo a prensagem manual com o auxílio de tecido
dessorador, uma técnica de produção oriunda da tradição e herança cultural da
região. São justamente tais aspectos que os diferenciam, contribuindo para que
o Cerrado se tornasse conhecido pela produção de queijos artesanais, o que
ficou comprovado por estudos acadêmicos e reportagens em veículos de
comunicação.
Dessa forma, a região vem
atraindo consumidores de diversas áreas do país em busca de queijos cuja fase
de maturação média confere o típico sabor amanteigado e a consistência macia.
A IP Cerrado será utilizada
nos queijos elaborados a partir de leite cru, hígido, integral recém-ordenhado,
retirado e beneficiado na propriedade de origem em até 90 minutos após sua
obtenção, devendo a umidade máxima ser de 45,95%. Boas práticas de fabricação e
de produção também deverão ser seguidas pelos produtores que estejam na região
demarcada, respeitem as normas do Caderno de Especificações Técnicas e se
submetam ao controle.
A região da IP contempla 19
municípios mineiros: Abadia dos Dourados, Arapuá, Carmo do Paranaíba,
Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia, Lagamar, Lagoa Formosa,
Matutina, Patos de Minas, Patrocínio, Presidente Olegário, Rio Paranaíba, Santa
Rosa da Serra, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo, Vazante, Tiros e Varjão
de Minas.
Confira a publicação da IP Cerrado na
seção de Indicações Geográficas da RPI nº 2.743.
Fonte: Site Rádio Montanheza