Brasil
Publicada em 28/07/23 às 09:16h
Paracatu teve \'origem quilombola\' antes da chegada dos bandeirantes há 350 anos

Boa Nova FM

Rachadura provocada por explosão de mineradora em quilombo em Paracatu, foto de arquivo de 2011 — Foto: Incra/Divulgação  (Foto: )

Com mais de 2.800 pessoas, Paracatu é a cidade do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste com a maior população quilombola e a 10ª em todo o estado, de acordo com o Censo 2022.

O número representa 3% da população da cidade. Porém, a história dos quilombos em Paracatu é antiga, já que há registros de quilombolas na região há 350 anos. Atualmente, cinco comunidades são reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares.

Mesmo com a primeira comunicação à coroa sobre a região onde atualmente é Paracatu ter sido feita em 1744, a presença dos quilombolas na cidade é mais antiga, antes da chegada dos bandeirantes.

Quilombos em Paracatu

Ao todo, são 13 quilombos na cidade, porém, os cinco quilombos reconhecidos oficialmente pela Fundação Cultural Palmares são:

Machadinho;

São Domingos;

Pontal;

Cercado;

Família dos Amaros.

A mestra em Educação e pedagoga, Lara Luisa, é quilombola e a bisavó fez parte do Quilombo dos Palmares, um dos símbolos da resistência negra. Já o avô fez parte do Quilombo do Américo, considerado um dos maiores do pais, que era situado na região do Triângulo e Alto Paranaíba.

Além de fazer parte da comunidade, ela é vice-presidente da Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais e pesquisa sobre o tema. Lara explica sobre esse outro lado da história da cidade. “O início de Paracatu é datado da chegada dos bandeirantes, mas os quilombolas indígenas já estavam lá”.

“Os quilombos se estabelecem em Paracatu fugindo de Diamantina, de Ouro Preto. ‘Quilombo’ é um quartel de defesa. Eles se estabeleceram ali fugindo da escravidão”, disse.

Nessa origem da cidade, uma das principais atividades econômicas era a exploração do ouro existente na área, que era feita pelos próprios quilombolas.

Racismo Institucional

Mesmo com uma história antiga, o reconhecimento dos quilombolas é recente e, constitucionalmente, tem menos de 50 anos. Foi a partir da Constituição Federal 1988 que as comunidades remanescentes de quilombos tiveram direito à terra por elas ocupadas.

Esse reconhecimento tardio impactou na falta de vários direitos. De acordo com Lara, o principal problema é justamente o racismo estrutural.

“O [racismo] mais forte é na identidade. Não trabalham a origem quilombola da população. As escolas não trabalham essas questões, os estudantes quilombolas não se veem no currículo escolar”, detalhou.

Outro ponto é o racismo religioso, segundo a pesquisadora. Mesmo a cidade tendo muitos terreiros de umbanda e candomblé.

Reconhecimento

Os dados sobre os quilombos no Brasil são inéditos, já que é a primeira vez que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar pessoas que se autodenominam quilombolas.

Na atual legislatura, Paracatu conta com cinco vereadores quilombolas;

O maior bairro da cidade, o Paracatuzinho, também é um bairro quilombola;

Ainda assim, as comunidades enfrentam uma série de dificuldades.

No caso da comunidade de Cercado, o problema é relacionado à água. No caso de Machadinho, os problemas são relacionados à uma mineradora e o uso das terras deles.

“Outros problemas são na educação e a saúde. A maioria dos quilombos não tem posto de saúde. Por exemplo, Paracatuzinho, que é o maior quilombo urbano, o posto de saúde ficou por dois anos em reforma”, concluiu Lara.

Por todos esses fatores, os avanços e o reconhecimento das comunidades são importantes para garantir os direitos para os quilombolas.

Fonte: G1




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