(Foto: Pedro Machado/Divulgação)
Um complexo de
cobre descoberto por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em
Genética e Bioquímica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e que pode
combater cânceres de pele, osso e músculo, tem apresentado resultados
promissores nos testes.
O resultado mais recente
apontou a capacidade do complexo em não ser tóxico e conseguir diminuir a
incidência de tumores nas asas e no corpo de moscas da fruta.
Os insetos foram escolhidos
por apresentarem grande semelhança genética com os seres humanos. De acordo com
estudos, 74% dos genes que causam doenças em humanos são muito similares nas
moscas, o que resulta em quadros clínicos parecidos.
Por isso, uma vez que a
molécula consegue reduzir a doença nos insetos, pode indicar que também será
benéfica aos pacientes humanos. Na fase atual do estudo, o
pesquisador Pedro Machado, que está à frente das análises, testou um
mecanismo chamado de ‘drug delivery’.
Entenda
o que é a ‘drug delivery’
A técnica consiste em
cápsulas formadas por gorduras e óleos naturais, e que conseguem liberar
os medicamentos no local específico do tumor de maneira mais controlada e
contínua. Isso faz com que a droga não interaja com células que não são alvo do
tratamento, diminuindo os efeitos colaterais.
Os próximos animais usados
nos testes serão camundongos e, se os resultados continuarem satisfatórios, a
expectativa é que em dois ou três anos os primeiros testes em humanos possam ser
realizados.
Diferença
dos tratamentos existentes para o do complexo
Quando falamos de
tratamentos quimioterápicos utilizados em casos de câncer, não é difícil
encontrar casos de pacientes com inúmeros efeitos colaterais em
decorrência dos medicamentos. Isso ocorre porque além de matar as
células tumorais, as drogas também destroem as células saudáveis, uma vez que
são compostos por platina, um metal que não está presente nos seres humanos.
Pensando em tornar esse
tratamento mais específico, os cientistas há anos buscam por maneiras
alternativas de combater o câncer. E foi com esse mesmo desejo que Pedro
Machado, juntamente de outros colaboradores, conseguiram chegar ao complexo de
cobre.
Esse metal, por já fazer
parte do corpo humano, seria atraído naturalmente pelas células tumorais. Lá,
ele agiria como uma espécie de Cavalo de Troia, destruindo o tumor ao invés de
nutri-lo.
“Esperamos que o medicamento
seja eficaz e tenha melhor desempenho do que aqueles já utilizados, e que não
tenha efeitos colaterais. Dessa maneira, permitindo que o estudo seja realizado
em humanos já na próxima fase”, disse o cientista.
Ciência
no Brasil
Mesmo desenvolvendo uma
pesquisa de interesse mundial, Pedro é um dos milhares de cientistas
brasileiros que encontra dificuldades para sobreviver com a bolsa de estudo que
as agências de amparo proporcionam.
Quando não está analisando
uma possível cura para o câncer, é nas salas de aula onde ele encontra
alternativas para complementar a renda.
Essa realidade faz com que
muitos pesquisadores brasileiros evadam do país, levando consigo seus estudos
que rapidamente são abraçados pelos estrangeiros.
“O Brasil tem excelentes
profissionais que com todo talento e criatividade conseguem contornar alguns
problemas orçamentários e de infraestrutura, inovando sempre. Algo frequente
que ouvimos de chefes de laboratórios estrangeiros é que eles adoram
brasileiros, pois são bem qualificados, esforçados e engenhosos”, afirmou
Pedro.
Enquanto tenta se manter em
Uberlândia, o olhar do pesquisador também tem se voltado para fora do país,
onde espera encontrar melhores incentivos.
“Por enxergar não ter muitas
oportunidades no Brasil, pretendo buscar oportunidades no estrangeiro”,
finalizou.
Fonte: G1