O Ministério Público de
Minas Gerais (MPMG) moveu uma ação civil pública contra o Município de Araguari por danos
morais e materiais coletivos decorrentes da perda, em 2021, de quase 26 mil
doses de vacina da Covid-19. O fato gerou um prejuízo aos cofres públicos de R$
1,3 milhão.
Na ação, o MPMG pede que o
Município seja condenado a pagar R$ 1,3 milhão por danos materiais e mais
R$ 1 milhão pelos danos morais coletivos. Esses valores deverão ser utilizados
em projetos de estruturação e na melhoria da cobertura vacinal no município.
Em nota enviada à TV
Integração, a Prefeitura de Araguari afirmou que "adotará todas as
providências cabíveis, com a instauração de sindicância investigativa para
apuração de todos os fatos".
Ainda conforme o Município,
na época em que as vacinas foram perdidas, "foram comunicados todos os
órgãos competentes sobre o ocorrido. A Procuradoria-Geral vai se manifestar no
decorrer da ação".
Vacinas perdidas
Segundo o MPMG, em 3 de
outubro de 2021, ocorreu o acionamento do alarme da câmara fria onde estavam
armazenados os imunizantes. Ao chegar ao local, a coordenadora de imunização do
Município constatou que a temperatura da câmara fria estava muito acima do
que é recomendado.
Após análise do Instituto
Nacional de Controle de Qualidade, as vacinas foram consideradas
insatisfatórias para uso. Com isso, as doses foram descartadas, o que
provocou prejuízo de R$ 1.375.692 aos cofres públicos.
Segundo a ação, por serem
produtos sensíveis ao calor, ao frio e à luz, os imunizantes exigem extremo
cuidado e eficiência do gestor durante todas as etapas de armazenagem,
transporte, organização, monitoração, distribuição e administração, sob pena de
perderem eficácia, potência e capacidade de resposta.
De acordo com os promotores
de Justiça Fernando Henrique Zorzi Zordan e Nathália Scalabrini Fracon, as
investigações constataram “que os gestores sanitários de Araguari deixaram
de adotar providências imprescindíveis para evitar a exposição das vacinas
à temperatura inadequada”.
Entre as medidas
negligenciadas, estão:
a utilização de apenas uma
câmara refrigerada para acondicionar todas as vacinas;
a falta de contrato de
manutenção preventiva das câmaras frias e de estabilizador de energia elétrica;
no procedimento operacional,
não constava a assinatura de um responsável.
A adoção desses cuidados
básicos poderia, segundo os promotores de Justiça, ter evitado a perda de 3.150
doses da vacina da Covid-19 do laboratório AstraZeneca/Fiocruz, 6.280 doses do
Sinovac/Butantan, 125 doses da Janssen e 16.170 da Pfizer/Biontech.
“Está claro que, ao
descumprir normas sanitárias, sobretudo de manutenção dos sistemas de
acondicionamento de imunizantes, fato que ocasionou a perda das vacinas e
profundas consequências à saúde da população de Araguari, os gestores agiram de
forma ineficiente, inconsequente e ineficaz no armazenamento dos
imunobiológicos, atrasando com isso o programa vacinal”, afirmam.
Fonte: G1