Decisão judicial publicada no final da tarde dessa sexta-feira (10)
suspende as demissões dos médicos e outros servidores do Hospital Regional
Antônio Dias. Como foi noticiado pelo Patos Hoje, a Procuradoria-geral do
Estado concluiu processo administrativo que tramitava desde 2016 e decidiu pela
demissão de cerca de 30 servidores do hospital, sendo a maioria de médicos.
Os
servidores ainda poderiam entrar com recurso junto a própria Procuradoria-geral
do Estado, mas 10 deles decidiram ir direto à Justiça. Eles argumentaram que a
decisão do Estado não observou todas as vias de recurso administrativo, antes
de publicar as demissões no Diário Oficial.
O principal argumento da defesa, no entanto, foi o
prejuízo que a medida do Estado poderia causar a população, uma vez que o
Hospital Regional é referência para mais de 30 municípios da região. Segundo
ação judicial, a maioria dos profissionais demitidos é formada por médicos, que
já estavam escalados para plantões, cirurgias e outros atendimentos.
Diante disso, o juiz da Comarca de Patos de Minas, Marcus Caminhas
Fasciami concedeu liminar suspendendo as demissões.
"DEFIRO a medida cautelar em questão PARA SUSPENDER IMEDIATAMENTE o
ato administrativo que será objeto de discussão nesses autos e que se encontra
em anexo ao ID nº 9748503081 até decisão definitiva nesse feito, restabelecendo
o contrato e as atividades detodos esses profissionais que foram afetados pela
medida administrativa atacada", diz a decisão, que também tem caráter de
mandado judicial.
"Em razão do horário avançado e também na inviabilidade de se
confeccionar e entregar um mandado judicial durante o fim de semana, confiro à
presente decisão o caráter de mandado devendo ser cumprido imediatamente assim
que apresentado a quem de direito para seu efetivo cumprimento, garantindo
ainda, que todos esses profissionais afetados possam cumprir normalmente suas
funções já anteriormente designadas no intuito de não se prejudicar o interesse
público", concluiu.
Entenda o caso
O Controlador-Geral do Estado de Minas Gerais, Rodrigo Fontenelle de
Araújo Miranda, concluiu o julgamento de um processo administrativa aberto em
2019 que investigava irregularidades no cumprimento da carga de trabalho de
profissionais contratados e efetivos do Hospital Regional de Patos de Minas. O
órgão decidiu pela demissão de quase 30 servidores, sendo mais de 25 médicos.
A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais na
edição desta sexta-feira (10). O Controlador-Geral do Estado entendeu que os
servidores violaram o disposto no artigo 250, incisos II e V, da Lei Estadual
n. 869/1952 e decidiu converter o ato de desligamento em penalidade de demissão
dos servidores.
O processo administrativo foi aberto a partir de uma recomendação feita
pelo então promotor de justiça de Patos de Minas, Paulo César de Freitas, que
determinava a publicação das escalas de serviço dos profissionais de saúde, bem
como do cumprimento da carga horária de trabalho no Hospital Regional. Uma
fiscalização feita na época comprovou que muitos profissionais permaneciam de
sobreaviso nos plantões, sem estar presentes no local de trabalho.
Os médicos alegaram que essa forma de trabalho foi definida em comum
acordo com a direção do Hospital Regional Antônio Dias na época. Diante da
falta de profissionais para cobrir os plantões, eles se propuseram a cobrir as
escalas, mas desde que não fossem obrigados a permanecerem dentro no hospital e
ficassem apenas de sobreaviso para os casos de emergência.
Quando o processo administrativo estava prestes a prescrever, o
controlador geral do Estado decidiu pela demissão dos servidores envolvidos.
Eles têm 10 dias para entrarem com pedido de reconsideração. Teve médico que
desistiu da defesa, por entender que o serviço não é compensativo. Outros que
sentiram injustiçados, tendo em vista que a forma de trabalho foi definida em
comum acordo com a direção, podem levar o caso à Justiça.
Fonte: Patos Hoje