A destruição de áreas verdes por desmatamento e queimadas tem provocado encontros inesperados, como um que aconteceu neste sábado (21) em Minas.
Quem poderia imaginar, no vestiário da escola, a visita de uma onça? Quem fez o vídeo foi o vigia Rafael Henrique Santos.
“Na hora que eu fui adentrar eu escutei um barulho tipo um rugido. Eu fechei a porta e tive a ideia de pegar um pedaço de madeira, colocar o telefone e eu, com um guarda municipal, chegamos perto e conseguimos pegar a imagem”, conta.
Mas foi David Miguel Silva Almeida, de nove anos, que entrou no banheiro antes e percebeu que havia algo diferente e assustador.
“Tremi igual vara verde ali na porta. Ela fez um guhhhh... Aí na hora que ela fez isso eu me assustei, saí correndo”, diz.
David foi contar para o pai, Rodrigo de Almeida. “Tem uma onça lá, pai. Eu: ‘Que onça?’ Eu não acreditei. Qual a chance de ter uma onça no banheiro de uma escola. Eu entrei devagar e quando cheguei no último box, ela deu aquele bote igual no vídeo para mim.”
Neste sábado (21), o dia foi de atividade na escola municipal em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. O banheiro onde a onça estava fica atrás da trave do gol. Havia mais de 20 crianças jogando futebol no local. Quando o alerta da presença do bicho foi dado, ninguém mais entrou no banheiro, claro. A Guarda Municipal, os bombeiros e a Polícia Militar foram acionados.
“Ela ficou presa porque a porta tinha aquele fechamento automático, porque senão ela teria saído normalmente e voltaria para a mata. Ela ataca mais quando se sente acuada. Tanto é que ela não atacou as crianças porque ela não sentiu ameaçada”, explica o tenente Cristiano Pinto Coelho, da Polícia Militar do Meio Ambiente.
Três dardos com anestésico foram utilizados para acalmar a onça. A equipe de resgate esperou do lado de fora por uns 30 minutos e só depois recolheu o animal. A onça-parda de grande porte é uma fêmea. O animal, saudável, sem nenhum ferimento, foi levado pelo Ibama para ser devolvido à natureza. Foi só um susto na escola que fica numa região cercada pela mata, mas serviu de lição.
“Isso tem acontecido devido ao grande desmatamento, às grandes queimadas, à destruição do habitat natural desses animais. Isso faz com que ele, na fuga, acabe atravessando as cidades. A gente faz esse resgate, faz a soltura imediata deixando ele seguir a sua própria vida com segurança total, tanto para a população quanto para o meio ambiente”, diz Marcos Mourão, veterinário e presidente da ONG Asas e Amigos.
Fonte: G1