Minas Gerais fará,
neste ano, as últimas etapas da Campanha de Vacinação contra a Febre Aftosa. O
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou, neste
sábado (30/4), durante a abertura da Expozebu em Uberaba, no Triângulo Mineiro,
a suspensão da vacinação contra a doença, a partir de 2023, para Minas e outros
seis estados que fazem parte do Bloco IV do Plano Nacional de Vigilância para a
Febre Aftosa e cumpriram os pré-requisitos do plano estratégico para a dispensa
da imunização. Para o pecuarista, o avanço se traduz em redução dos custos de
produção, abertura de novos mercados e melhor remuneração pela tonelada
exportada.
Além de Minas, também serão beneficiados com a
medida Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e o
Distrito Federal. Os outros quatro estados do bloco – Bahia, Rio de Janeiro,
São Paulo e Sergipe – devem manter as duas etapas de vacinação previstas para o
próximo ano.
Minas Gerais se junta aos estados de Santa
Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia, parte do Amazonas e parte
do Mato Grosso, que já possuíam o status de área livre de aftosa sem vacinação.
O último registro da doença no estado foi em 1996.
Após anos de adesão dos pecuaristas às campanhas de vacinação e de vigilância
sanitária, a doença foi considerada erradicada no estado em 2001 pela
Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Desde então, Minas Gerais é
reconhecido pelo órgão internacional como zona livre de febre aftosa com a
obrigatoriedade de vacinação.
Com o cumprimento dos critérios estabelecidos pelo
Mapa - como exames comprovando a ausência da circulação do vírus no rebanho,
cobertura vacinal acima de 95% e a estruturação física e de pessoal nas
unidades de vigilância – agora o estado alcança um novo status, o que atesta o
avanço no programa de controle sanitário mineiro. O rebanho livre de febre
aftosa sem vacinação é inclusive exigência de alguns países para a importação
de carne bovina.
Para o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales
Fernandes, a decisão do ministério foi uma grande conquista para o estado. “A
retirada da vacina deve abrir as portas de novos mercados, que exigem dos
exportadores o status de livre de febre aftosa sem vacinação e remuneram melhor
os produtos vindos desses países. Nós vamos poder comercializar nossos produtos
acima do valor obtido hoje, como fazem os estados que já retiraram a vacinação
de seus rebanhos”, afirma.
No setor produtivo, os benefícios da retirada serão
sentidos já no custo de produção. Com um dos maiores rebanhos bovinos do país,
as duas etapas da campanha de vacinação no estado envolvem cerca de 35 milhões
de doses de vacinas. Para o pecuarista, a economia será imediata na medida em
que não haverá gastos com a compra da vacina e a parte operacional do manejo do
gado para vacinar.
O compromisso dos pecuaristas nas campanhas de
vacinação contra a febre aftosa juntamente com as ações em defesa sanitária
animal e educação sanitária têm garantido índices de vacinação dos bovinos e
bubalinos superiores a 95% há vários anos. Em 2021, Minas Gerais alcançou
índice de 97,5% de cobertura vacinal de bovinos e bubalinos.
“Além de evidenciar a excelência do serviço
veterinário oficial do estado, essa conquista vai impactar toda a cadeia
produtiva da proteína animal, não apenas dos bovinos. No segmento da
suinocultura, Minas Gerais é considerada área livre da peste suína clássica e
africana e na avicultura já somos livres da influenza aviária. Todo esse
contexto mostra que o serviço de vigilância sanitária do estado é eficiente”,
avalia o secretário de Agricultura.
O Governo
de Minas estipulou o
repasse de R$ 42,2 milhões para a modernização de estruturas e fortalecimento
das atividades realizadas pelo Instituto
Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão vinculado à
secretaria de Agricultura responsável pelo serviço de fiscalização e vigilância
sanitária vegetal e animal no estado. O recurso é proveniente do Termo de
Reparação de Brumadinho firmado pelo Governo de Minas com a mineradora Vale e
está sendo destinado à renovação da frota e melhorias nas unidades
administrativas e nas barreiras de fiscalização sanitária.
Exportações
Atualmente, Minas Gerais ocupa o quinto lugar no
ranking dos estados exportadores de carne bovina, respondendo por quase 9% do
volume nacional exportado. Em 2021, a receita com a comercialização alcançou
US$ 875 milhões, com a exportação de 46,2 mil toneladas para 55 países.
Campanha Atual
A retirada é válida para o ano que vem, e as etapas
de vacinação deste ano devem ser cumpridas nos meses estabelecidos. Em maio,
Minas Gerais inicia a primeira etapa da vacinação no estado e em novembro
realiza a segunda etapa. “O produtor tem que cumprir o calendário e
providenciar a vacinação nos meses previstos. Caso não faça isso, ele não
estará contribuindo para a efetiva imunização do rebanho, além de correr o
risco de ser autuado e penalizado com multas, conforme previsto na legislação”,
alerta o secretário Thales Fernandes.
A doença
A febre aftosa é uma
doença viral contagiosa, que acomete diversas espécies de animais como bovinos,
suínos, ovinos, caprinos e búfalos. Esse vírus pode se espalhar rapidamente se
medidas de controle e erradicação não forem implementadas desde a sua detecção.
A identificação de algumas doenças em animais, como a febre aftosa, afeta o
comércio internacional e os impedimentos podem causar perdas econômicas
importantes.