Substâncias com riscos de gerar
doenças crônicas – como o câncer – foram identificadas, ao menos uma vez, entre
os anos de 2018 e 2020, em água de 14 municípios do Triângulo, Alto Paranaíba e
Noroeste de MG.
As informações foram divulgadas pela
Organização Não Governamental (ONG) Repórter Brasil, no Mapa da Água.
O g1 procurou as
companhias de abastecimento responsáveis. Veja detalhes abaixo.
Lista das cidades
Triângulo Mineiro
·
Campina Verde
·
Ituiutaba
·
Centralina
·
Campo Florido
·
Uberaba
·
Araguari
·
Araporã
Alto Paranaíba
·
Guimarânia
·
Lagoa Formosa
·
Carmo do Paranaíba
Noroeste de MG
·
São Gonçalo do Abaeté
·
João Pinheiro
·
Vazante
·
Varjão de Minas
O que a identificação das substâncias
significa?
Conforme divulgado pela
publicação, as substâncias químicas identificadas nas amostras foram aquelas
geradas pelo próprio tratamento da água, os subprodutos da desinfecção.
Os
produtos em si não são prejudiciais, desde que estejam abaixo da concentração
determinada pelo Ministério da Saúde. O levantamento feito pela Repórter Brasil
identificou que nas cidades citadas os produtos estavam acima do limite de
segurança, por pelo menos uma vez, entre 2018 e 2020.
O risco é apontado, principalmente,
quando a população fica submetida a essas substâncias por um período prolongado
de tempo. Nestes casos, o risco de desenvolvimento de doenças crônicas é
aumentado.
“É possível ter consequências silenciosas
a longo prazo, como problema no fígado, rins e sistema nervoso, além de
aumentar o risco de câncer”, descreveu a organização na publicação.
Os testes foram feitos em água
tratada e a publicação reúne dados de controle do Sistema de Informação de Vigilância
da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), o qual é alimentado com
testes feitos pelas instituições responsáveis pelo abastecimento de cada
município.
Respostas das companhias de
abastecimento ao g1
Copasa
Dentre os municípios citados na
reportagem, a Copasa é responsável pelo abastecimento de Campina Verde; Centralina; Campo Florido; Guimarânia; Carmo do Paranaíba; São Gonçalo do Abaeté; João Pinheiro; Vazante e Varjão de Minas.
A companhia informou que produz e
distribui a água tratada para os usuários de acordo com os padrões de
vigilância e potabilidade estabelecidos pela legislação vigente, conforme
portaria GM/MS 888/2021 do Ministério da Saúde.
“A Copasa tranquiliza todos os usuários e informa que a vigilância e o
rigoroso controle da qualidade da água configuram-se como um processo valoroso
para a empresa, razão pela qual salienta que a água tratada e distribuída se
encontra dentro dos padrões de potabilidade, não representando quaisquer riscos
à saúde das populações atendidas. Não obstante, nos municípios abordados pela
reportagem está sendo realizado internamente um levantamento minucioso das
observações registradas pelo Repórter Brasil, com todo o detalhe e rigor
técnico que o tema requer, para que sejam sanadas quaisquer dúvidas ainda
remanescentes”, disse a empresa em nota.
Ainda conforme a companhia,
resultados anormais ocasionais nas análises de qualidade de água dão origem a
novas campanhas amostrais, com a verificação do histórico geral de qualidade do
sistema envolvido, inspeção sanitária para identificar eventuais causas e
providências imediatas para a eliminação dessas causas e correção de problemas
pontuais constatados.
“Cabe registrar que dos 76 municípios identificados em Minas
Gerais pela reportagem do Mapa da Água, a Companhia é responsável pela
prestação de serviços de 50 desses, representando o percentual de 66% do total
observado”, finalizou a Copasa.
Codau
Em nota,
a Companhia Operacional de Desenvolvimento, Saneamento e Ações Urbanas (Codau)
informou que as análises de água feitas pela empresa não indicaram nenhuma
contaminação por agrotóxicos ou outros resíduos da indústria.
A autarquia
destacou, ainda, que atende as Portarias Federais GM/MS nº 888/2021 e nº
2.472/2021 , que estabelecem as quantidades de análises e os parâmetros de
qualidade da água, de acordo com o número de habitantes.
As
análises são monitoradas por laboratório terceirizado e "Acreditado"
— título dos laboratórios que recebem certificado do Inmetro e são auditados —
para realizar os testes específicos.
Conforme
a companhia, o laboratório externo fornece as análises e os laudos são
entregues à autarquia, que é responsável por os informar ao SISAGUA e os
encaminhar para a Vigilância Ambiental.
A Codau informou que os laudos serão
entregues nesta semana para a Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Meio
Ambiente das Bacias dos rios Paranaíba e Baixo Rio Grande, para o promotor
Carlos Alberto Valera.
“Não foram identificados índices de
agrotóxicos, selênio, clordano, ácidos haloacéticos e trihalometano total fora
dos parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde”, explicou o presidente da Codau, José Waldir de Sousa Filho.
Ele reiterou que a análise enviada ao
Sisagua, em janeiro de 2022, não detectou substâncias orgânicas, inorgânicas,
agrotóxicos ou metais pesados, permanecendo a água dentro dos limites de
segurança para consumo.
"A água de Uberaba não está contaminada e é produzida e
distribuída para a população dentro do que rege a legislação sobre a qualidade
da água", enfatizou a Codau.
Também segundo a companhia ,é
realizado o monitoramento da qualidade da água bruta, saída do tratamento e
sistema de distribuição de água, avaliando parâmetros como turbidez, pH, cloro
residual, cor aparente, fluoreto. E também outros como o alumínio, ferro, DBO e
oxigênio dissolvido.
SAE Ituiutaba, SAE Araguari, Dmae Araporã e SAAE Lagoa Formosa
Nesta quinta-feira (10), o g1 também procurou a SAE Ituiutaba, a SAE Araguari, a Dmae Araporã e a SAAE Lagoa Formosa para solicitar nota sobre a
qualidade da água nas cidades, porém, até a última atualização desta
reportagem, não obteve retorno.
Fonte: G1