(Foto: Internet)
As forças de segurança de
Minas Gerais estão oficialmente em greve. Nesta segunda (21/2), após o protesto contra o Governo de Minas para pedir
recomposição salarial de 24%, as diferentes categorias decidiram, em
assembleia, paralisar as atividades para pressionar Romeu Zema (Novo). A
recomendação vale a partir desta terça (22/2).
Lideranças do movimento
ouvidas pela reportagem garantem que haverá o expediente mínimo de 30% dos
servidores da segurança pública. A decisão em assembleia é de paralisação, mas,
pela Constituição Federal, os policiais e bombeiros militares não podem fazer
greve.
Já os policiais civis não têm
essa permissão desde 2017, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por
essa vedação.
As lideranças do movimento
grevista dizem que as diferentes categorias serão orientadas uma a uma sobre
como essa paralisação acontecerá. Há uma ala que defende a manutenção desses
servidores dentro das unidades administrativas (quartéis e delegacias, por
exemplo).
As categorias garantem que
qualquer negociação com o Estado só vai acontecer se a Zema e seus secretários
sinalizarem um caminho que não condicione a recomposição salarial ao Regime de
Recuperação Fiscal (RRF). O RRF, defendido pelo governo para dar o reajuste, é
visto pelos servidores como um retrocesso para a carreira pública.
A avaliação dos servidores da
segurança pública é que o movimento superou as expectativas, mas ainda não
resultou em melhorias práticas na negociação com o governo.
“A nossa proposta é que, assim
que ele conversar conosco e houver um avanço no diálogo, a gente sinaliza a
paralisação do movimento grevista que se instalou em Minas Gerais”, diz o
sargento Marco Antônio Bahia, vice-presidente da Associação dos Praças
Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra/PMBM).
A diretora da Confederação
Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis, Aline Risi, questiona para onde
está indo o dinheiro arrecadado pelo Governo de Minas.
“O próprio governador vem falando
que vem aumentando a arrecadação. Ele fez a reforma previdência. Não há essa
necessidade (de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal), porque há uma dívida
do governo federal com o estadual. Onde estão esses bilhões?”, diz Aline.
Aline afirma que o Regime de
Recuperação Fiscal não interessa aos servidores porque congela uma série de
direitos conquistados pelo funcionalismo ao longo dos anos.
“Todas essas garantias de
direitos que nós temos serão paralisadas por nove anos. Isso se não tiver que
ser prorrogado. É um empréstimo consignado que o Estado está fazendo com o
Governo Federal”, ressalta a policial civil.
Em nota, o Governo de Minas
informou que reconhece a necessidade de reposição salarial dos servidores com
“responsabilidade fiscal”.
O governo esclareceu que se
mantém aberto ao diálogo. A administração também garantiu que a greve não
deixará os mineiros sem a prestação de serviços essenciais de segurança
pública.
O Estado garantiu, ainda, que
busca “outras alternativas”, além do RRF, para conceder a reposição
inflacionária.
Por que as forças de segurança
protestam contra Zema em BH?
Tudo começou em 2019, quando
as forças de segurança foram às ruas para pedir a recomposição salarial, que
não tinham desde 2015.
Na época, Zema fez um acordo e
apresentou um projeto de lei concedendo 13% em 2020, 12% em 2021 e 12% em 2022.
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou a proposta, e o primeiro
reajuste, de 13%, foi pago em 2020.
Veja: Forças de segurança
levam caixões de Zema e Simões em protesto
Entretanto, o governador
descumpriu o acordo e vetou as duas últimas parcelas da recomposição, que agora
são novamente cobradas pelos servidores da área. No total, os trabalhadores
teriam uma recomposição de 41% como forma de compensar os efeitos da inflação.
O governo de Minas argumenta
que aguarda a aprovação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) pela Assembleia
Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para aplicar a recomposição da inflação
sobre o salário de todas as categorias de servidores estaduais.
Deputados se reúnem
O presidente da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais, Agostinho Patrus (PV), recebeu deputados e lideranças sindicais ligadas às forças de
segurança no Estado após manifestação da categoria na manhã desta
segunda-feira (21).
Os representantes apresentaram
a ele um documento em que se posicionam contra o Regime de Recuperação Fiscal.
Para Agostinho Patrus (PV),
falta ao governo Zema uma característica tradicional da política mineira: a
abertura ao diálogo, tanto para discutir a recomposição salarial, quanto para
tratar do Regime de Recuperação Fiscal, que os manifestantes são contrários .
“Eu sinto que Minas, que
sempre foi do diálogo e exemplo para o Brasil, vive hoje um momento triste em
que não há diálogo”, afirmou.
Também estiveram presentes na
reunião na ALMG os deputados federais Welinton Prado (Pros) e Cabo Júnio Amaral
(PSL) e os deputados estaduais Sargento Rodrigues (PTB), Delegado Heli Grilo
(PSL), Delegada Sheila (PSL) e Coronel Sandro (PSL).
Fonte: Jornal O Tempo