A denúncia na verdade dizia que o jovem, no dia 25 de
dezembro, portanto no Natal, havia sofrido diversas agressões físicas. Quem
teria agredido o jovem seria o proprietário da clínica, Giovanni
Quintino Magalhães de 35 anos, outros dois homens de 30
anos e um adolescente de 13 anos. As agressões teriam resultado em diversas
lesões físicas pelo corpo da vítima.
Ao informar o teor denúncia, o enfermeiro disse desconhecer
qualquer tipo de agressão, e que nada sabia referente ao fato ou lesão na
vítima, e que o advogado é quem poderia dar-lhe maiores explicações. Passados
alguns instantes, o defensor se apresentou como sendo um dos responsáveis pela
direção da clínica e relatou sobre as coordenadoras de 30 e 31 anos. Elas então
teriam relatado que não trabalharam no fim de semana e que tomaram conhecimento
do fato pelo whatsapp pelo próprio Giovanni Quintino e que o enfermeiro teria
tido contato com a vítima no domingo (26).
Já o menor de 13 anos disse, que na sexta-feira (24),
durante uma limpeza na clínica realizada pelos internos, que o jovem de 22 anos
começou a discutir com outro interno, que em determinado momento o menor disse
à vítima que ele teria ameaçado sua mãe com uma faca, que este ficou nervoso e
o agrediu utilizando o cabo de um rodo, que então ele foi contido por outros
internos, sendo a situação repassada ao dono da clínica, o qual disse que não
resolveria no momento uma vez que o jovem é muito forte e não conseguiria
resolver sozinho.
Ainda segundo o menor, na noite do Natal, por volta das
23h00, Giovanni foi em direção à vítima e disse a ele que as coisas na clínica
não eram como ele queria, e que neste momento o jovem lhe agrediu empurrando-o
até uma parede. Assim, o funcionário de 30 anos que trabalha na ala feminina
segurou a vítima com um “mata-leão”, e que Giovanni agrediu a vítima com
diversos socos no rosto e pontapés na cabeça e região abdominal, costelas, e
outros pontos vitais.
O menor e outro homem também aproveitaram que o jovem
estava contido e o agrediram com socos no rosto, e chutes, que posteriormente
ele caiu ao solo e todos eles chutaram a cabeça e o corpo da vítima por um
longo prazo. Durante as agressões, um corte com uma espátula foi causado na
perna da vítima, sendo levada ensanguentada para um quarto, não sendo socorrida
ao hospital. O menor até acreditou que o jovem tivesse perdido a vida.
Ao saber da versão do menor, o enfermeiro mudou a versão
dizendo que esteve na clínica no sábado (26), teve contato pessoal com a
vítima, prestando-lhe atendimento. Segundo o profissional, o jovem estava com
escoriações no rosto e queixava de dores na região das costelas, porém, em
relação ao porquê de não ter encaminhado a vítima ao hospital, se reservaria no
direito ao silêncio.
O advogado e o enfermeiro disseram que o jovem havia sido
transferido para local incerto, e não sabido, ao passo que após serem
cientificados sobre eventual cometimento dos crimes de omissão de socorro e
cárcere privado, foi quando indicaram o local que se encontrava a vítima, como
sendo uma clínica próximo à cidade de Uberlândia e Nova Ponte, também de
propriedade de Giovanni.
Durante a fiscalização da vigilância sanitária, foi
encontrado na pasta da vítima um atendimento médico realizado por um médico psiquiatra,
no domingo (27), determinando que ele fosse encaminhado para a UPA com
urgência. A equipe da Polícia Militar de Nova Ponte fez contato na clínica,
local para onde foi encaminhado o jovem e ele relatou diversas denúncias, tendo
confirmado a briga entre os internos e que foi realmente agredido por Giovanni,
tendo sido segurado pelo funcionário. Após ele cair, “chutaram minha cabeça e
costelas por cerca de cinco minutos, ficando com o corpo todo sujo de sangue”.
Ele pediu para ser levado para o hospital e não foi
atendido, sendo levado para um quarto sujo, onde funciona como castigo. Segundo
o relato do jovem, ainda foi ameaçado de morte por Giovanni caso contasse algo
para alguém. “Se ele contasse sobre o ocorrido para alguém, Giovanni o mataria
e deixaria seu corpo em um canavial”, relatou a ocorrência.
O jovem ainda diz que o enfermeiro o atendeu por 20
segundos e não teria lhe encaminhado para o hospital ou outro atendimento. O
jovem relatou ainda que, após dizer que deveria ir para o hospital, o funcionário
de 55 anos disse o seguinte: “não podemos levá-lo ao hospital, caso contrário,
sairemos do local presos e algemados”. Ele disse que por volta de 1h00 dessa
terça-feira (28) foi transferido da clínica pelo funcionário de 55 anos e outra
pessoa.
Os militares de Nova Ponte fizeram contato com a vítima e
eles afirmaram que, mesmo passados 4 dias das agressões, a vítima estava com
vários hematomas pelo corpo, tais como: rosto inchado, e olhos roxos, além de
escoriações na testa, tórax e costa. Fotos das lesões foram providenciadas e
encaminhadas para a delegacia da Polícia Civil de Patos de Minas. A conversa
com o menor foi gravada em vídeo e, o jovem encaminhado para o Hospital
Municipal de Nova Ponte. A ocorrência foi encaminhada para Polícia Civil que
tomará as demais providências. Giovanni havia sido preso pela Polícia Militar
na segunda-feira (27) acusado de tráfico de drogas e desacato. Ele nega estes
crimes.
O advogado de Giovanni encaminhou a seguinte
posicionamento: “o paciente, desde o início de seu tratamento, sempre teve
comportamento agressivo e teve diversas desavenças com outros pacientes.
Após um episódio de surto psicótico ao qual este paciente
se armou com dois pedaços de ferro e disse que iria matar os funcionários da
clínica, foi solicita da transferência do mesmo, para outra instituição, ao
qual não foi atendido até o presente momento. O pedido de transferência está
datado de 29/11/2021
No dia 24 o paciente bateu em outro paciente durante a
noite, no dia 25 durante o dia, passou a afrontar funcionários e outros
pacientes. Desta forma, foi comunicado ao proprietário da clínica. Ao qual foi
até a clínica para conversar com o paciente, pois o mesmo sempre o ouviu e
respeitou. Durante a conversa o paciente passou a agredir funcionários e pacientes
da clínica com socos e chutes. Onde começou uma briga genarilzada.
Em função disso o mesmo foi transferido as pressas, pois
foi jurado de morte por outros pacientes.
Válido destacar que o paciente possui diversas passagem
policiais, inclusive de tentativa contra a vida de terceiros.
Toda documentação foi apresentada a polícia militar e será
fornecida a polícia civil durante o curso do inquérito policial.”
Fonte:Patos
Hoje