(Foto: Reprodução)
A
pequena Maria Valentina, de apenas um ano e dois meses, era espancada por
chorar durante a noite e por defecar muito. A menina pode ainda ter sido
abusada sexualmente antes de morrer em casa em Montes Claros. Essa foi a
conclusão do inquérito da Polícia Civil que indiciou os pais dela, um homem de
36 anos e uma mulher de 28, pelo crime.
De acordo com o
delegado Bruno Rezende, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (26), a mãe
contou que agrediu a filha pelo menos cinco vezes com murros e socos porque a criança
chorava durante a madrugada do crime, no início de julho. A mulher disse que
bateu por que queria que a filha dormisse. O pai negou as agressões, mas a
mulher disse que o companheiro também bateu na criança e que ela viu ele fazer
movimentos debaixo da cobertas aparentemente estuprando a filha.
Maria Valentina morreu justamente em decorrência de
espancamento. Ela teve costelas quebradas, lesões na alça intestinal e
dilaceração no ânus. “Ouvimos os outros filhos do casal e ficou claro para a
polícia as constantes agressões sofridas pelas crianças. Inclusive um deles
chegou a questionar, durante o depoimento, que ficava sem saber se os pais
gostavam dele porque eram constantes as agressões.Era comum também os dois
saírem e deixarem as crianças sozinhas para usar drogas. Ficou caracterizado
que os pais praticavam maus-tratos e abandono de incapaz com frequência”, disse
o delegado, que contou ainda que a menina não tinha sequer certidão de
nascimento o que demonstra o descaso dos pais com ela.
Os pais, a
vítima e outros três irmãos dela dormiam no mesmo quarto e duas camas de
solteiras que eram juntadas. O delegado informou que as lesões no ânus
demonstram que a menina pode ter sido estuprada com conjução carnal ou com
algum objeto introduzido nela. “Há informações de que a criança defecava muito
e usava muita fralda. A mãe perdia muito a paciência com isso, frequentemente”,
complementou. Segundo o delegado não há índicios de que outros filhos tenham
sido estuprados.
Maria Valentina foi encontrada morta no dia 6 de julho, quando a
mãe pediu socorro na rua para a menina. Na data, o pai fugiu do local. Ele
disse aos policiais que que tomou uma cachaça em um bar e saiu em um mototáxi,
já que tinha passagens pela polícia e ficou com medo.
No dia do crime,
a mãe contou aos militares que trocou a fralda da criança, deu mamadeira a ela
e a colocou para dormir, durante a madrugada. A suspeita disse que também
dormiu. Na manhã do mesmo dia, ela disse ter sido acordada pelo seu pai, que é
avô materno da criança, dizendo para que a neta estava morta.
A mulher saiu para a rua com a filha no colo pedindo para que
chamassem a polícia, pois a menina estava morta. Os militares foram acionados
para o local por vizinhos e levaram o corpo da criança para o Instituto Médico
Legal (IML) de Montes Claros.
Como o pai da criança tinha fugido, a Polícia Militar montou uma
operação para procurá-lo. O suspeito foi encontrado, já no fim da noite, no
bairro Monte Carmelo, onde a irmã dele mora. Ele caminhava pela rua e, ao ver
os policiais, tentou fugir e resistir a prisão, mas foi contido. Segundo a
Polícia Militar, o homem teve a ajuda de três familiares para se esconder.
A suspeita já tinha passagem pela polícia por tráfico de drogas,
receptação e abandono de incapaz. O homem já tinha sido condenado por estupro
de vulnerável e tem passagens por ameaça, lesão corporal, furto, dano, roubo e
homicídio.
Os dois foram indiciados por homicídio qualificado – por
impossibilidade de defesa da criança, feminicídio – pela criança do sexo
feminino ser parente deles, abandono de incapaz, maus tratos e estupro. Somadas
as penas podem chegar a 48 anos de prisão, caso o casal seja condenado.
Fonte: Site JP Agora