(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
O Congresso
Nacional aprovou nesta quinta-feira (15) o projeto da Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) para 2022. O placar na votação da Câmara foi de 278 votos a
favor, 145 votos contra e 1 abstenção. No Senado, o placar ficou em 40 votos
favoráveis e 33 contrários. A proposta segue agora para sanção
presidencial. Mesmo com a crise causada pela pandemia de covid-19, o
texto quase triplica o valor do fundo eleitoral bancado com dinheiro do
contribuinte, passando de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões.
"Em um país
sem saneamento e com escolas fechadas há um ano e meio, é um absurdo destinar
R$ 6 bilhões para fazer campanha política. Essa não é a prioridade",
afirmou a deputada Adriana Ventura (Novo-SP).
O texto aprovado traz a previsão do salário
mínimo de R$ 1.147 em 2022. Atualmente, ele é de R$ 1.100. Já a estimativa do
Produto Interno Bruto (PIB) para o ano que vem ficou em 2,5% e taxa básica de
juros média em 4,7%. No entanto, na visão do relator, Juscelino Filho, a
estimativa é conservadora e existe a possibilidade de os números serem mais
otimistas, a depender do crescimento da economia.
Fundo eleitoral
Um dos pontos polêmicos do texto situa-se no
aumento da verba para o fundo eleitoral para o ano que vem, de cerca de R$ 2
bilhões para mais de R$ 5,7 bilhões. Os recursos do fundo, que são públicos,
são divididos entre os partidos políticos para financiar as campanhas
eleitorais. De acordo com o texto, a verba do fundo será vinculada ao orçamento
do Tribunal Superior Eleitoral, prevendo 25% da soma dos orçamentos de 2021 e
2022.
Muitos
parlamentares criticaram o aumento do Fundo Eleitoral em quase o triplo do
valor anterior. Na mesma esteira, também reclamaram da redução do orçamento
para a saúde e para as universidades, além da previsão de um salário mínimo com
aumento abaixo da inflação. Os defensores do texto de Juscelino argumentam que
o valor é importante para partidos e candidatos em suas campanhas, desde que
seja usado de maneira transparente.
Na Câmara, a LDO foi aprovada sem o voto
favorável dos partidos de oposição. Também votaram contra partidos como o Novo.
Ainda assim, agremiações partidárias que criticaram o texto, como PCdoB e Rede,
pouparam a presidente da comissão mista do Orçamento, senadora Rose de Freitas
(MDB-ES) e o relator. Para líderes desses partidos, houve um esforço de melhora
do texto em comparação com o que chegou ao Congresso Nacional.
Na Câmara, a LDO foi aprovada por 278 votos a
145. No Senado, o texto passou por por 40 votos a 33. Partidos de oposição,
além do Podemos e senadores do MDB, também se colocaram contra o texto. Por
isso, a votação no Senado foi apertada.
O relator da LDO
destacou a priorização do orçamento ao programa Casa Verde e Amarela, que
substitui o Minha Casa, Minha Vida, e ao Plano Nacional de Imunização (PNI).
“Priorizamos a garantia de recurso e o não contingenciamento para o PNI, assim
como para o atendimento aos que sofreram sequelas da covid-19”, explicou.
O parecer também prevê a realização do censo
demográfico, excluído do Orçamento de 2021 por falta de recursos, ponto
explorado pelo relator na defesa do seu texto. “Garantimos a realização do
nosso censo demográfico. A Comissão de Orçamento tem o compromisso de garantir
os recursos necessários para a realização do censo demográfico no próximo ano”,
disse.
Vacinas e retomada de obras
O relator do texto também destacou a reserva
de parte do orçamento - com ampliação de recursos - para o setor de pesquisa e
desenvolvimento de insumos imunobiológicos. Para o deputado, o Brasil precisa
estar preparado para o desenvolvimento de vacinas caso um novo vírus se
espalhe, como ocorreu com o novo coronavírus, para não depender apenas de
imunizantes importados.
O texto da LDO
também dá atenção à retomada de obras paralisadas no país. “No nosso relatório
garantimos a possibilidade de que todos os órgãos da esfera federal possam ter
a oportunidade de fazer o reequilíbrio na planilha orçamentária para viabilizar
a retomada e entrega de obras paralisadas”, disse Juscelino.
Contingenciamento
Algumas áreas foram poupadas do contingenciamento (bloqueio) no próximo ano.
Além do Censo Demográfico, fazem parte da lista a segurança pública, escolas de
ensino em tempo integral e programas de expansão de internet e inclusão
digital, além de pesquisas de desenvolvimento de tecnologias do setor
agropecuário.
O relator manteve o déficit primário de R$
170,47 bilhões para o ano que vem das contas públicas do Governo Central
(Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central). O déficit primário
representa o resultado das contas do governo, desconsiderando o pagamento dos
juros da dívida pública. Com o déficit previsto para o próximo ano, esse será o
nono ano seguido de contas públicas no negativo.
O que é a LDO
A Lei de Diretrizes Orçamentárias indica as políticas públicas e respectivas
prioridades para o exercício seguinte, no caso 2022. Ela define as metas e
prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas para o
exercício subsequente, orientando a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA)
do ano seguinte. O Poder Executivo envia ao Congresso Nacional, que deve
discuti-lo e votá-lo.
Entre as definições estão a meta fiscal, os
programas prioritários e o salário mínimo. Além disso, o texto pode autorizar o
aumento das despesas com pessoal, regulamentar as transferências a entes
públicos e privados, disciplinar o equilíbrio entre as receitas e as despesas e
indicar prioridades para os financiamentos pelos bancos públicos, entre outras.
Fonte: Rádio Itatiaia