(Foto: Polícia Civil/ Divulgação)
A Polícia Civil já sabe que o
túnel descoberto sob um prédio comercial em Poços de Caldas (MG) tinha como
destino a agência regional do Banco do Brasil. Na manhã desta quarta-feira
(23), com o uso de sondas e outros equipamentos, militares do Corpo de Bombeiros
e funcionários do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Poços de Caldas
conseguiram chegar até o fim da escavação.
"Hoje em continuidade aos
trabalhos iniciados desde segunda-feira, com o apoio fundamental do Corpo de
Bombeiros, nós conseguimos chegar até bem próximo do final do túnel e ele está
chegando realmente até o Banco do Brasil", disse a delegada Juliane Emiko
Hissanaga Quaggio.
Ainda conforme a polícia, o
túnel tem cerca de 60 metros e não 40 metros como se acreditava antes. No final
do túnel, foi encontrada instalada uma câmera de segurança, o que indica que
ele estava sendo monitorado. No entanto, os criminosos não chegaram a furar
nenhuma parte da estrutura do prédio do Banco do Brasil, o que vai ser
investigado agora pela polícia, para saber o motivo da estrutura ter sido
abandonada.
A polícia também já sabe que
este túnel tem relação com um outro, de 15 metros, encontrado em uma casa
abandonada no início do mês em Poços de Caldas. Ainda conforme a delegada,
pelos materiais que foram deixados para trás pelos criminosos, tudo indica que
a operação foi abandonada às pressas.
"Os dois túneis que foram
localizados têm conexão, ainda nós estamos investigando quais foram as razões
que fizeram eles pararem com o túnel, mas o que dá para perceber é que eles
abandonaram às pressas o local, porque não fizeram uma limpeza, deixaram muitas
provas para trás, então com certeza esse túnel foi abandonado às pressas, essa
operação foi abandonada às pressas", disse a delegada.
O engenheiro Ronald Savoi,
especialista em fundações, analisou as imagens gravadas no túnel e acredita que
ele tenha sido escavado com o auxílio de profissionais que estudaram a região.
"Equipe especializada em
escavação subterrânea. A gente vê claramente pelas imagens, fotos que a gente
teve acesso, a limpeza, a organização, o escoramento da própria escavação,
iluminação, então é gente especializada nisso. Se não é feito um estudo
minucioso do local com as interferências da infraestrutura, por exemplo onde
estão passando as tubulações, as fundações, a espessura dos pisos, sobrecargas,
etc, há riscos de afundamentos e até colapsos, então nesse caso eles tiveram
alguma informação das edificações no entorno, fizeram um estudo preliminar para
se iniciar todo esse processo e obviamente trabalhar em uma situação de menos
risco", explicou o engenheiro.
O engenheiro explica ainda
porque uma obra como essa e toda a movimentação no prédio não chamaram a
atenção.
"É um trabalho que a
gente chama de formiguinha, sem pressa, sem nenhum impacto que alerte a
vizinhança, sem barulho, escavação de pequeno porte, muito provavelmente o
material sendo retirado de forma homeopática em pequenos sacos, em veículos
normais, para que todo o entorno não fosse alertado para o processo",
concluiu o engenheiro.
O próximo passo agora,
conforme a polícia, é levantar quem são os autores e os motivos que levaram
eles a abandonarem a ação.
"Primeiro passo era
delimitar qual era o alvo. Sem a gente saber quem era a vítima fica difícil
fazer a investigação, agora a gente sabe qual era o alvo, os investimentos que
foram feitos e agora o próximo passo é fazer o levantamento e a identificação
dos autores. Foi feito um investimento muito grande para execução desse crime,
mas ele foi interrompido, agora a gente tem que descobrir os motivos pelos
quais eles pararam a ação", concluiu a delegada.
O TÚNEL
O túnel de pelo menos 40
metros foi descoberto por um oficial de Justiça que esteve no local para
cumprir uma ação de despejo. Como ninguém foi encontrado, a polícia foi chamada
e as portas arrombadas. Em um dos cômodos, no fundo do prédio, atrás de uma
porta trancada, o túnel foi descoberto.
Conforme a polícia, o imóvel
estava alugado para uma mulher de Curitiba (PR) desde o ano passado, que disse
que abriria uma loja de roupas no local. O aluguel era de R$ 24 mil mensais e
ela chegou a pagar um total de R$ 200 mil pelo tempo em que o imóvel permaneceu
alugado. No entanto, há seis meses o aluguel não era pago, o que gerou a ação
de despejo.
Foram encontradas quatro
câmeras que foram instaladas para monitorar o local. Também foi localizada a
Central das Câmeras, que ainda estavam ligadas. Sacos de terra, caixas de
papelão e até um armário com itens de cozinha também foram encontrados
PROXIMIDADE COM BANCOS E
RELAÇÃO COM OUTRO TÚNEL
O local onde o túnel foi
encontrado fica em uma região onde há várias agências bancárias. Uma das
agências fica a 50 metros do local onde o túnel foi encontrado. O prédio faz
fundos com uma agência regional da Caixa Econômica Federal e é vizinho de outra
agência do Banco do Brasil.
Segundo a polícia, a
descoberta deste novo túnel tem relação com um outro, de 15 metros, que foi
descoberto na cidade no início do mês, embaixo de uma casa abandonada. O local
também foi encontrado pela Polícia Militar e por um oficial de justiça por
conta de uma ação de despejo, por falta de pagamento do aluguel.
De acordo com a Polícia
Militar, um homem do estado de São Paulo alugou a casa no bairro Marçal Santos,
em abril do ano passado. Na ocasião ele teria alegado não ter fiador e, por
isso, pagou R$ 10 mil de forma adiantada referentes a seis meses de aluguel. Em
novembro de 2020, no entanto, o homem deixou de pagar o aluguel e não foi mais
visto.
Segundo a Polícia Civil, a
ideia é fazer um furo na área externa a partir dos 26 metros percorridos, para
que eles possam entrar e encontrar o fim do túnel.
Fonte: G1