(Foto: ilustrativa/internet)
Um estudo coordenado pelo
Prof. Dr. Rubens Pasa, do Laboratório de Diagnósticos Moleculares da
Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio Paranaíba, em colaboração com as
Dras. Marilda A. M. T. de Siqueira e Paola Cristina Resende, do Laboratório de
Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que
atua como Centro de Referência Nacional em vírus respiratórios junto ao
Ministério da Saúde e como referência para a OMS em Covid-19 nas Américas,
detectou a linhagem P1 do vírus SARS-CoV-2 em Patos de Minas e outros seis
municípios da região do Alto Paranaíba. Em outros dois municípios, foi
detectada a linhagem P2.
A Organização Mundial da Saúde
(OMS) reconhece três linhagens variantes do vírus SARS-CoV-2 como “variantes
preocupantes” (VOC – “variant of concern”), ou seja, aquelas que apresentam
alto risco de aumento de transmissão e virulência. Uma destas linhagens é a P1,
encontrada pela primeira vez em Manaus, no fim de 2020. Esta linhagem variante
apresenta uma mutação na proteína “spike”, que é responsável pela invasão do
vírus nas células humanas. Diversos estudos têm demonstrado que essa linhagem é
responsável pelo aumento significativo nos casos de internação e de aumento na
disseminação do vírus em diversas regiões do Brasil.
O Laboratório de Diagnósticos
Moleculares, que já entregou à população do Alto Paranaíba mais de 16 mil
exames de Covid-19 “padrão ouro”, encaminhou para sequenciamento de genoma na
FIOCRUZ 21 amostras coletadas entre 18 de Fevereiro e 08 de Março, de pacientes
que tiveram resultado positivo no exame de RT-PCR. De acordo com o estudo
genômico, todas as 21 amostras correspondem a linhagens variantes do vírus causador
da COVID-19, que evoluíram nos últimos meses. A linhagem variante preocupante
P1 foi encontrada em todas as amostras provenientes de Patos de Minas, Carmo do
Paranaíba, João Pinheiro, Lagoa Formosa, Rio Paranaíba, São Gotardo e Serra do
Salitre. Já nas amostras provenientes dos municípios de Tiros e Varjão de Minas
foram encontrados a linhagem variante P2 originária do Rio de Janeiro e que é
chamada “variante de interesse” (VOI – “variant of interest”), um tipo de
variante que tem potencial para se tornar preocupante e que merece
acompanhamento. Entretanto, a proximidade dos municípios favorece a
disseminação de ambas as linhagens em toda a região.
O monitoramento das linhagens
variantes é importante para políticas públicas, pois fornece subsídios para
melhor determinar momentos de rigidez ou flexibilidade das regras vigentes para
distanciamento social. De acordo com o Prof. Rubens Pasa, coordenador do
Laboratório de Diagnósticos Moleculares, o próximo passo é conseguir recursos
para ampliar a genotipagem por sequenciamento genômico ou outras metodologias
que estão em desenvolvimento no laboratório, para identificar os fatores que
determinaram a substituição do vírus comum pelas linhagens variantes, monitorar
o impacto das variantes nos serviços básicos de saúde e auxiliar as ações
municipais para reduzir a transmissão do vírus e seu impacto na população.
Texto: Prof. Dr. Rubens Pasa
Por Patos Hoje