(Foto: Adão de Souza/PBH)
O infectologista
Estevão Urbano, membro do Comitê de Enfrentamento à Pandemia da Prefeitura de
Belo Horizonte, considera que as viagens de fim e início de ano fizeram de
março o mês com mais mortes por covid-19 no Brasil desde o início da
pandemia. O país terminou o período de 31 dias com mais de 66
mil óbitos pela doença.
“Esses fatores
[para o ápice da pandemia] foram: férias de fim de ano e viagens de Carnaval.
Essa variante se espalhou pelo Brasil inteiro e, como ela é mais transmissível
e mais agressiva, isso acabou explodindo em março. Nós deixamos o vírus
circular, não fizemos o dever de casa, que é respeitar o vírus. Nós, enquanto
nação, subestimamos o vírus”, disse em entrevista ao Jornal da Itatiaia 1ª
Edição desta quinta-feira (1º).
Segundo o médico, quanto mais o vírus se
espalha maior é a chance de surgirem variantes. Ele ressalta que a cepa
atual tem sido danosa também aos jovens, diferente da que provocou a pandemia
inicialmente. Por isso, o especialista afirma que é impossível prever como
serão os próximos dias.
“Nós estamos vivendo um ciclo vicioso, que
tem que ser cortado com a vacina. Se nós não vacinarmos a população de forma
rápida, o cenário se torna imprevisível. Acredito que ainda teremos um abril
duro. Estamos numa franca ascensão da pandemia no país e nada leva a crer que,
em curto, prazo ela desaceleraria.”
Em BH
Nos últimos dias, Belo Horizonte apresentou
uma redução do RT, índice que mede a velocidade de transmissão do coronavírus.
Após chegar ao auge, de 1,28 (com cada grupo de 100 infectados repassando a
doença para 128 pessoas) no dia 15 de março, houve quedas sucessivas e, nessa
quarta-feira (31), chegou a 1,08, ainda no nível amarelo.
Entretanto, o reflexo disso ainda não foi
visto nas UTIs. “Uma redução do RT impacta daqui a dez, quatorze dias. Nós
estamos num movimento de Belo Horizonte que talvez seja favorável”, avaliou.
Não viaje!
O médico pediu para que as pessoas mantenham
o distanciamento social e não viagem neste feriado. “A responsabilidade agora é
maior do que nunca, porque antes pelo menos tinha leito hospitalar. Hoje não há
nem leito hospitalar para as pessoas se internarem.”
Fonte: Rádio Itatiaia