(Foto: Divulgação)
Um
grupo de 66 trabalhadores foi resgatado em condições análogas à escravidão
durante operação do Grupo Móvel Nacional em uma fazenda de produção de carvão
na região de Brasilândia de Minas. A operação foi deflagrada em 23 de fevereiro
e concluída na manhã desta quinta-feira, 4.
Aspirar
cinzas de carvão, tomar banho de mangueira, sem nenhuma privacidade, fazer
necessidades no mato, dormir em colchões sobre o chão e usar páginas de livros
didáticos substituindo papel higiênico... Essas eram algumas das rotinas
aviltantes às quais estavam sendo submetidos os 66 trabalhadores explorados na
produção de carvão em uma fazenda em Brasilândia de Minas.
Outros direitos básicos como ter um local apropriado para
refeições, carteira assinada, contrato de trabalho, abrigo contra chuva durante
o serviço, equipamentos de proteção também estavam sendo violados. Muitos
alojamentos, estavam em condições precárias. No pior deles, não havia sequer
vaso sanitário, geladeira ou qualquer eletrodoméstico, a falta de água era
frequente e existia, ainda, um depósito de combustíveis aos fundos, gerando
riscos de incêndio e explosão.
De
acordo com informações do Grupo Móvel, esse foi o maior grupo de trabalhadores
encontrado em situação análoga à de escravo em 2021, e ainda estamos em março.
Grande parte dos trabalhadores vieram aliciados de outros estados,
principalmente do Paraná, mediante promessas de boas condições de trabalho e de
remuneração. Chegando na fazenda, porém, a situação era diferente da realidade.
Suas carteiras de trabalho não foram assinadas, seus documentos pessoais foram
retidos e os trabalhadores submetidos a condições degradantes. Se não ficassem
nessa situação por ao menos 45 dias, não teriam passagens de volta e os
empregadores ainda descontariam as de ida para Minas Gerais.
O acerto rescisório dos trabalhadores foi concluído durante
a operação, incluindo todas as verbas rescisórias apuradas pelos
auditores-fiscais do trabalho, que autuaram as empresas. As empresas também
pagaram todas as passagens de retorno dos trabalhadores às suaa cidades de
origem e assinaram termo de ajuste de conduta (TAC) com o MPT e a DPU,
comprometendo-se a regularizar seu ambiente de trabalho e não cometer novas
violações à legislação, sob pena de multas. No TAC, aceitaram, ainda, pagar
indenizações por danos morais individuais aos trabalhadores e por danos morais
coletivos. As rescisões e indenizações, somadas, ultrapassaram o valor de R$
970.000,00.
A operação foi realizada pelo Grupo Móvel Nacional de
Erradicação ao Trabalho Escravo, tendo como integrantes equipes profissionais
do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF),
Auditoria-Fiscal do Trabalho, Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia
Federal (PF).
Por Patos Hoje-Fonte: Ascom MPT