Brasil
Publicada em 19/01/21 às 08:23h
Está com dúvida sobre vacinação contra a Covid? Respondemos 10 perguntas

Boa Nova FM

 (Foto: Internet)

Quando o assunto é vacina contra o coronavírus, há muitas dúvidas. O que é normal, na visão de especialistas no assunto. Segundo o Ministério da Saúde, considerando-se a transmissibilidade da Covid-19 (Rt entre 2,5 e 3), cerca de 70% da população precisa estar imune para interromper a circulação do vírus. Isso significa que ao menos 140 milhões de brasileiros precisam estar imunizados para frear o avanço da pandemia no país. 

Segundo a pasta da Saúde, foram asseguradas 354 milhões de doses de vacinas ao país por meio de acordos ou produção própria. O número é suficiente para imunizar mais de 70% da população, em duas doses, o recomendado em todas as vacinas já aprovadas e aplicadas pelo mundo.

Mas de nada adianta obter vacinas se a população tiver receio em receber as doses. Tentando esclarecer as principais dúvidas sobre o assunto, O TEMPO consultou cinco especialistas do tema. Indiferentemente da origem do imunizante – China, Inglaterra, Rússia ou Estados Unidos, que já tiveram vacinas validadas por suas agências reguladoras –, se ele for aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), todos são categóricos ao afirmar que, sim, é seguro se vacinar.

“Sabemos que a vacinação vai reduzir drasticamente a circulação do vírus. Ela vai evitar mortes, evitar casos graves, e é muito importante entender a capacidade que as vacinas vão ter de reduzir o impacto da Covid-19. Tendo a oportunidade, devemos nos vacinar”, orienta a professora do Departamento de Microbiologia da UFMG, Jordana Coelho dos Reis.

Vale ressaltar que, apesar de um imunizante poder apresentar resultados diferentes em populações diversas, se ele for aprovado para uso no Brasil, significa dizer que passou pelos testes de eficácia e segurança para os brasileiros. “Existe uma série de fatores que pode levar a essas diferenças. Mas a Organização Mundial da Saúde recomenda que, se a vacina tiver acima de 60% de proteção, ela é eficaz”, garante o médico intensivista Maurício Meireles.

Ainda assim, alguns questionamentos só poderão ser respondidos com o tempo. Isso de forma alguma inviabiliza que as doses sejam recebidas. “Nós devemos ter os dados mais consolidados sobre o tempo de imunização que a vacina vai conferir ao longo deste semestre, quando as pessoas que fizeram parte da fase 3 dos diversos laboratórios tiverem tido um novo acompanhamento. Ainda não sabemos”, pontua a consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia Raquel Stucchi.

Não se sabe ainda qual a duração da imunidade causada no corpo de quem já teve a Covid-19, e, por isso, a vacinação não é descartada em quem já contraiu a doença. “A duração da proteção conferida pela infecção natural e pela vacinação ainda são desconhecidas. Nós não sabemos se as vacinas são capazes de prevenir a doença e prevenir também a infecção, ou seja, se o indivíduo pode continuar adquirindo a infecção, transmitir e não adoecer”, reforça o presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri.

E, considerando-se a alta transmissibilidade do coronavírus, o percentual de imunizados para que se possa atingir a tão esperada imunidade de rebanho, ou imunidade coletiva, é alto. “A proporção da população que precisa ser vacinada é em torno de 80% a 90% para que se possa atingir a imunidade de grupo”, alerta um dos integrantes dos comitês de enfrentamento da Covid em Belo Horizonte e na UFMG, Unaí Tupinambás. “Mesmo após a vacinação, vamos ter que tomar cuidado com a Covid, pelos próximos dois a três anos. Vamos ter que manter o distanciamento e manter o mascaramento”, completa. Em doenças já controladas no país, como sarampo e poliomielite, a vacinação de 95% da população foi a medida responsável pela proteção de todos. 

Tira-dúvidas

1. Vacinar é seguro? 

Sim, se o imunizante for aprovado pela Anvisa e outras agências reguladoras pelo mundo. Uma vacina só é aprovada para uso após cumprir rigorosos critérios de segurança. 

2. Existe uma vacina mais eficaz que a outra? 

Cada imuzante tem seu percentual de cobertura. Todas as vacinas já aprovadas protegem da forma mais grave da Covid, o mais indicado, tornando todas eficazes contra o coronavírus. 

3. Se eu já peguei Covid-19, ainda preciso me vacinar? 

Sim. Casos de reinfecção pelo mundo foram registrados e especialistas advertem que a doença dá um período de proteção muito curto, geralmente de dois a três meses, o que é comum em doenças infecciociosas. A expectativa é que o tempo de proteção da vacina seja superior a essa proteção causada por quem já pegou a doença.

4. Quantas doses são indicadas para a imunização? 

Todos os imunizantes já aprovados trabalham com duas doses para imunização. 

5 - A mutação do vírus pode inutilizar a vacinação e massa? 

A princípio, não, já que a maior parte dos imunizantes em uso pelo mundo protege contra as formas mais graves da Covid-19. Mas esse é um aspecto ainda em estudo pela comunidade científica. 

6. Depois que eu me vacinar, ainda preciso usar máscaras e praticar o distanciamento social? 

Sim. Ainda não se sabe por quanto tempo cada imunizante contra o coronavírus vai proteger cada pessoa contra a infecção. Além disso, mesmo estando vacinado, cada cidadão pode se tornar um agente transmissor do vírus, o fazendo pelo contato direto. 

7. Posso ter algum efeito colateral após ser vacinado? 

Sim. Nos testes de todos os imunizantes, pouquíssimas pessoas tiveram reações alérgicas entre oito e 12 semanas após a aplicação da dose. Elas foram cuidadas e tratadas, o que não comprometeu a segurança da vacina.

8. A vacinação vai reduzir a circulação do vírus e a pandemia? 

A expectativa é que com mais pessoas imunizadas atinja-se a imunidade de rebanho, reduzindo a infecção pela Covid-19.

9. De quanto em quanto tempo teríamos que nos vacinar? 

Ainda não há dados consolidados sobre o tempo de proteção que a vacina já em uso/estudos conferem ao corpo humano. 

10. Depois de vacinado, posso pegar a Covid-19? 

Há dois tipos de imunização, a esterilizante, como é o caso da vacina contra o sarampo (após imunizado, não se pega mais o vírus), e a que não é esterilizante, que te protege das formas graves do vírus, como é o caso da contra o influenza-A. Ainda não se sabe como será a atuação da vacina da Covid-19 nesse sentido, se será esterilizante ou não.

Fonte: Jornal O Tempo




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