(Foto: Adão de Souza-PBH)
Minas Gerais pode ter quase 13 mil novas mortes em decorrência da covid-19 e mais de meio milhão de casos da doença ainda neste ano. A projeção é feita por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com base em dados do Ministério da Saúde e nos registros de óbito dos cartórios do estado. Porém, a situação pode ser amenizada se medidas de proteção forem adotadas.
"Esse cenário alarmante pode se concretizar se forem reduzidas as medidas de segurança, como sanitização de ambientes, isolamento e distanciamento social", disse a professora Lídia Maria de Andrade, do Departamento de Física da UFMG.
Minas Gerais atingiu nessa terça-feira (24) 9.804 mortes por covid-19 e quase 400 mil casos da doença, conforme balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
Lídia Andrade é coautora de um trabalho sobre a situação da covid-19 em Minas Gerais publicado no portal Wiley Online Library, sediado em Nova Jersey, nos Estados Unidos.
Para a professora, a publicação serve de alerta em um momento em que a população está afrouxando as medidas de segurança. "Já há uma grande liberação de atividades em locais que reúnem muitas pessoas, como academias e bares. É preciso alertar para as consequências disso", observa a autora.
O artigo Impact of covid-19 in Minas Gerais, Brazil: Excess Deaths, Sub-Notified Cases, Geographic and Ethnic Distribution na revista Transboundary and emerging diseases foi desenvolvido em parceria com outros pesquisadores dos departamentos de Física e de Microbiologia da UFMG.
Imperial College
As projeções do grupo da UFMG são corroboradas por estudo do Imperial College, de Londres, divulgado nessa terça-feira (24) que mostra que a taxa de transmissão (Rt) da covid-19 no Brasil alcançou 1,30, a maior desde maio. Isso significa que cada 100 pessoas podem transmitir o vírus para outras 130.
A pesquisa, que utilizou um modelo matemático adaptado às caraterísticas do estado para predizer a subnotificação de casos e de mortes por covid-19, demonstrou também que a população negra das regiões mais pobres do estado – especialmente os homens – compõe o grupo mais vulnerável.
De acordo com o professor Juan Carlos González, do Departamento de Física, outro autor do artigo, o estudo desperta a reflexão para a necessidade de que organizações governamentais e privadas trabalhem juntas para melhorar a consciência pública, especialmente em locais mais pobres.
Ferramentas
“Estudos preditivos, que projetam cenários da evolução da pandemia usando métodos estatísticos e epidemiológicos, são ferramentas estratégicas para auxiliar governos e sociedade na tomada de decisões”, observa González. O professor esclarece que "ainda não estamos falando em uma segunda onda de contaminação, mas o trabalho revela informações de grande valia para que não se cometam os mesmos erros, no caso de novo enfrentamento". Lídia Andrade acrescenta que "a ferramenta mostra como é importante estudar e desenvolver programas específicos que visem minimizar os danos causados pela pandemia".
O artigo integra os esforços do grupo de pesquisa Espectroscopia de Aprendizado de Máquina, coordenado por Juan González, cujo objetivo é a criação de instrumentos para combater as frequentes epidemias causadas por doenças virais em Minas Gerais e no Brasil.
Além de Juan González e Lídia Andrade, também assinam o artigo os professores Paulo Henrique Ribeiro, do Departamento de Física, e Flávio Guimarães da Fonseca, do Departamento de Microbiologia.
Fonte: Rádio Itatiaia*Com Informações do site da UFMG