Brasil
Publicada em 14/09/20 às 08:30h
Covid-19: lista ranqueia risco de contágio em atividades cotidianas

Boa Nova FM

 (Foto: Reprodução internet)

A pandemia de Covid-19 não terminou, basta lembrar que em alguns dias o Brasil continua registrando quase 1.000 mortos pela doença. Ao mesmo tempo, cidades brasileiras avançam na liberação de atividades e pessoas voltam à rotina sob o risco de contrair a doença. No Texas, um dos primeiros locais dos Estados Unidos que retomaram atividades em meio à pandemia, um grupo de profissionais da Associação Médica do Texas (TMA) se reuniu para rankear o risco de contágio envolvido em algumas atividades, desde abrir uma correspondência (baixo risco) a frequentar bares (um dos riscos mais elevados). 

“O gráfico é um guia para ajudar as pessoas a fazerem escolhas inteligentes. O risco no ranking ajuda a entender o perigo, mas, como sempre, a realidade é que depende da situação”, explica um dos autores, o médico John Carlo. O infectologista Carlos Starling concorda e diz que o segredo para entender o quão arriscada é uma atividade é prestar atenção se ela tem potencial para aglomerar pessoas e se ocorre em local com pouca ventilação.

“A regra é evitar proximidade e aglomeração, porque tudo o que gera isso é fator de risco para contrair Covid-19. Lugar fechado é mais perigoso que aberto e muita gente traz mais risco do que pouca gente. Se for encontrar, mantenha distância e as duas pessoas têm que usar máscara”, resume. 

Confira dicas de infectologistas para minimizar a chance de contágio ao realizar atividades cotidianas:

Receber correspondências: baixo risco

Na escala texana, receber correspondências é a atividade menos arriscada. Ainda assim, limpar as encomendas que chegam não faz mal, na perspectiva do médico Carlos Starling. “Vale a pena tomar cuidado depois de mexer com qualquer coisa que vem da rua, mas isso independe da Covid-19. A pandemia veio reforçar o que deveríamos fazer há mais tempo”, aponta. 

O infectologista Unaí Tupinambás alerta que o excesso de cuidado com essa limpeza pode dar falsa sensação de segurança e teme que as pessoas acabem se esquecendo das medidas de distanciamento. “É um risco quase negligenciável. As pessoas ficam preocupadas e deixam de fazer o que é importante, ficando sem máscara em ambiente fechado”, aponta o especialista.     

Caminhar, correr ou pedalar ao ar livre: risco baixo a moderado

A orla da Lagoa da Pampulha e os arredores da Lagoa Seca, no bairro Belvedere, na região Centro-Sul, têm concentrado pessoas correndo e pedalando, algumas delas, sem máscara, como já foi flagrado por O TEMPO. A distância de dois metros entre uma pessoa e outra não tem eficácia para impedir a transmissão do vírus nessas situações, conforme mostram pesquisas. 

Por isso, distanciar-se ainda mais e nunca realizar as atividades sem máscara é a melhor prevenção, defende Unaí Tupinambás. “Corra sozinho ou em dupla com quem mora na sua casa. Correr em pelotão é um risco, porque quem está atrás está respirando todo o ar da pessoa da frente. Quando corremos, é como se estivéssemos tossindo. A quantidade de partículas que podemos expelir com o esforço físico é parecida com a de uma tosse”, completa. 

Passar uma hora no parquinho: risco baixo a moderado

Com os parques municipais da cidade reabertos, famílias tem esgotado as reservas de agendamento para passear aos finais de semana. Frequentar parquinhos infantis com as crianças, porém, ainda representa um risco. “Se outras pessoas estiverem lá, é arriscado. O risco é da escala três, se todos estiverem de máscara e distantes, mas de escala oito, se não estiverem”, diz o médico John Carlo.

Jantar na casa de outra pessoa: risco moderado
 
Na casa de amigos e parentes, as regras de prevenção não devem diminuir: o ideal é manter a distância de pelo menos dois metros de um para o outro, preferir ambientes arejados, como as varandas, e manter a máscara sempre que possível. Se alguém do grupo estiver com algum sintoma gripal, como tosse e coriza, adie o encontro: a recomendação é que essa pessoa fique em isolamento. 

“Conheço casos de pessoas que contraíram Covid-19 a partir dessa relação com grandes amigos ao resolver jantar na casa um do outro. Isso é arriscado, porque as pessoas não se testam e não sabem o que a outra fez ou para onde foi. Se tiver que se encontrar, que seja em áreas abertas e evitem abraços e beijos, porque isso não faz parte deste momento”, destaca Starling.  

Mandar as crianças à escola: risco moderado

No Texas, onde a lista foi consolidada, as escolas já estão retomando as atividades presenciais. Os dois infectologistas brasileiros, porém, ponderam que a atividade escolar é uma atividade que envolve muitas variáveis de risco de contágio.

“É um risco considerável, principalmente na educação infantil, porque é difícil controlar as crianças. O mínimo que elas farão é trocar de máscara uma com a outra”, diz Carlos Starling. Tupinambás imagina uma retomada de aulas em que as atividades em ambientes externos sejam favorecidas, com atividades nos pátios e praças, quando for possível. 

Ir a uma barbearia ou salão de beleza: risco moderado a alto

Durante a pandemia, é melhor limitar as conversas com o barbeiro enquanto ele faz o corte, principalmente considerando que o profissional está muito próximo do cliente e falando bem em cima dele, recomenda o infectologista Carlos Starling. O risco diminui se o profissional utilizar máscara e face shield, diz o médico. 

Comer na área interna de um restaurante: risco moderado a alto

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que não existe risco comprovado de contágio da Covid-19 por meio de comida. O risco nos restaurantes, portanto, é como o de demais ambientes: quanto mais próximo alguém estiver de outras pessoas e menos arejado o ambiente for, maior o perigo.

Os protocolos da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) obrigam funcionários a usar máscara e proíbem que clientes entrem no local sem utilizá-las. Mas, como comer exige retirar a peça, o ideal é privilegiar as mesas nas áreas externas do estabelecimento. 

Ir ao bar: risco alto

Os bares se diferenciam os restaurantes pelo componente festivo e pela disponibilidade de álcool, na perspectiva de Carlos Starling: “As pessoas, em geral, se aglomeram mais, bebem mais, ficam menos tempo de máscara e falam mais alto. Quanto mais alto falam, mais eliminam vírus, e quanto mais falam, mais perdem o controle”. O infectologista Unaí Tupinambás elege os bares fechados com o um dos locais com maior risco de contágio da Covid-19. 

Mesmo nos abertos, ele orienta que o frequentador redobre a atenção. “Se as pessoas estão de máscara e mantendo pelo menos um metro e meio de distância, a chance de transmissão é baixa. Mas, se estão em ambiente aberto, mas muito próximas, conversando sem máscara, como vimos no final de semana, o risco é considerável”, diz. Em BH, bares e restaurantes puderam voltar a abrir as portas à noite e a servir bebidas alcoólicas de sexta a domingo desde o dia 4 de setembro

Ir a um culto religioso com muitos fiéis: risco alto

Na lista original, os médicos citam o perigo de um culto com mais de 500 fiéis, mas o infectologista Carlos Starling explica que não é necessário estabelecer um número e que menos pessoas também oferecem risco, se estiverem sem máscara ou muito próximas. “Fica perto é um perigo e quanto mais a pessoa canta e mais alto canta, mais vírus elimina no ar”, pontua. 

E o transporte público?

A lista dos médicos norte-americanos não cita o transporte público. Na realidade belo-horizontina, a superlotação dos coletivos é a principal reclamação dos usuários. Como há obrigatoriedade do uso de máscara no transporte, os dois infectologistas brasileiros destacam que a transmissão nesse ambientes pode não ser tão alta quanto parece. 

Ambos citam um estudo publicado em agosto na revista “Annals of Internal Medicine”, que avaliou a transmissão em diferentes locais, mapeando a movimentação de 3.410 pessoas em Guangzhou, na China, e descobriu que o contágio no transporte público era raro, com taxas menores do que entre pessoas da mesma família que dividem a casa. Uma das hipóteses dos pesquisadores para explicar o achado é que pessoas passam mais tempo em casa do que no transporte e não são obrigadas a cobrir o rosto em suas residências. 

Isso não quer dizer que não haja risco no ônibus, por isso o infectologista Unaí Tupinambás dá uma dica para minimizar o perigo. “É importante não falar muito alto, porque isso dispersa muito mais partículas”, diz, lembrando que o ideal é se sentar perto das janelas abertas.

Fonte: O Tempo




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