(Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)
Dos 5.570 municípios do Brasil, apenas 536 (9,6%) têm leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 2.269 (40,7%) contam com respiradores e apenas 855 (15,3%) têm tomógrafos. São quase 48 milhões (22,7% da população) de brasileiros vivendo em locais que não há sequer um leito de UTI. A maioria é no Norte e Nordeste do país.
O raio X inédito dos principais equipamentos para combater o avanço do coronavirus no Brasil é resultado do trabalho de sete pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no no começo de fevereiro - quando ainda não sabíamos que o coronanavirus causaria tantas mortes e impactos econômicos no mundo. O levantamento tomou como base o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, onde constam os dados de todas as unidades de saúde públicas e privadas da federação.
Dentro desse panorama, segundo a Fiocruz, Rio de Janeiro e São Paulo figuram como as cidades com mais quantidade de leitos de UTI, embora o cenário ainda seja considerado crítico, principalmente para o Rio, que já está com ocupação máxima. A cidade do Rio tem 2.2267 leitos de UTI, sendo apenas 499 no Sistema Único de Saúde (SUS). São Paulo tem 3.353 leitos de UTI e desses 1.221 pertencem ao SUS.
Diante da pandemia, os pesquisadores queriam saber como está, no Brasil, a distribuição dos principais equipamentos para tratar os casos graves da COVID-19. A constatação revelou municípios totalmente esquecidos. Atualmente, 31.717 milhões (ou 15,8 % da população) de brasileiros habitam um município considerado vulnerável por não ter leitos de UTI, tomógrafos e/ou respiradores.
“Tem lugares do Brasil que se a pessoa, principalmente no Norte, ficar grave de coronavírus ou qualquer outra doença, não tem para onde ir porque simplesmente é zero. Não tem uma unidade de saúde. Não tem nada, não tem nem o básico”, afirmou a pesquisadora Margareth Portela, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.
Do total (536) de municípios da federação com leitos de UTI, os do SUS estão distribuídos em apenas 163 municípios. De todos os tomógrafos disponíveis no Brasil, 63,4% estão em unidades particulares. O mais grave ainda está por vir: em 129 municípios só há tomógrafos na rede privada.
A maior concentração dos serviços no sistema público e no privado está nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. No Nordeste, a distribuição é pontual nas capitais. No Norte, a melhor disponibilidade foi evidenciada em Rondônia, e no caso dos tomógrafos, no Pará. Nos demais municípios do Nordeste e do Norte, especialmente para leitos de UTI, o que se constatou foi “a vastidão de espaços desprovidos de qualquer oferta”, como bem descreveram os pesquisadores no levantamento técnico.
O documento tem como base orientar o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais de saúde.
Maria Mazzei da CNN, no Rio de Janeiro