A juíza
que decretou a prisão de cinco suspeitos de responsabilidade
no rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na
Região Metropolitana de Belo Horizonte, disse que “havia meios de se evitar a
tragédia”. A afirmação está no mandado de prisão cumprido pela polícia na manhã
desta terça-feira (29), em Minas Gerais e São Paulo.
O mar de lama que varreu a cidade na
sexta (25) matou ao menos 65 pessoas e deixou outras 288
desaparecidas, segundo o último balanço da Defesa Civil.
Foram presos temporariamente, por 30
dias:
·
André Yassuda – engenheiro da TÜV SÜD, que prestava serviço para Vale, preso em
SP;
·
Makoto Namba – engenheiro da TÜV SÜD, que prestava serviço para Vale, preso em
SP;
·
Cesar Augusto Paulino Grandchamp - geólogo da Vale, preso em MG;
·
Ricardo de Oliveira - gerente de Meio Ambiente Corredor Sudeste da Vale, preso em MG;
·
Rodrigo Artur Gomes de Melo - gerente executivo do Complexo Paraopeba da Vale, preso em MG.
Os cinco foram levados para a
Penitenciária Nelson Hungria, na região metropolitana de BH.
A juíza Perla Saliba Brito afirma que
o geólogo Grandchamp e os engenheiros Yassuda e Namba "subscreveram
recentes declarações de estabilidade das barragens” da Vale, “informando que
tais estruturas se encontravam em consonância com as normas de segurança, o que
a tragédia demonstrou ser inverídico”.
Sobre os gerentes da Vale detidos,
Oliveira e Melo, a magistrada diz que ambos “são diretamente responsáveis pelo
regular licenciamento e funcionamento das estruturas das barragens,
incumbindo-lhes o efetivo monitoramento das barragens que se romperam”.
Para a juíza, as prisões são
necessárias porque há indícios de autoria ou participação dos cinco em crimes
ambientais, de falsidade ideológica e homicídios. Outro objetivo, segundo ela,
é ajudar os investigadores a descobrirem se há vínculos entre eles, bem como
definir a responsabilidade de cada um na tragédia.
A magistrada também
determinou a apreensão dos celulares dos presos, já que neles pode haver
“documentos relacionados ao licenciamento e à operação do complexo minerário,
bem como porque a maioria das conversas mantidas atualmente se dá mediante
aplicativos de redes sociais”.
“Aliás, convém
salientar que especialistas afirmam que há sensores capazes de captar, com
antecedência, sinais do rompimento, através da umidade do solo, medindo de
diferentes profundidades o conteúdo volumétrico de água no terreno e permitindo
aos técnicos avaliar a pressão extra provocada pelo peso líquido”, acrescenta
Perla no mandado.
Por G1