Brasil
Publicada em 28/01/19 às 17:22h
PARACATU:Tragédia de Brumadinho assusta e moradores de Paracatu pedem mais fiscalização

Boa Nova FM

A tragédia ocorrida na última sexta-feira (25/01) em Brumadinho MG, onde uma barragem de contenção de rejeitos da empresa Vale, se rompeu e destruiu a área administrativa da empresa, vários povoados e deixou um rastro de destruição na região, deixou moradores da cidade de Paracatu e principalmente as comunidades vizinhas à área de operação da Kinross em Paracatu muito preocupados.
Milhares de pessoas estão se manifestam nas redes sociais com base em informações verdadeiras e também falsas, com fotos de outras barragens fora do Brasil e até mesmo imagens de tragédias ocorridas há vários anos em outros países.
Fizemos contato com Engenheiros, especialistas na área e também consultamos a documentação disponível nos órgãos de fiscalização para trazer algumas respostas aos internautas.
Em Paracatu, a Mina Morro do Ouro conta com duas instalações de armazenamento de rejeitos de flotação,sendo a barragem mais antiga, Santo Antônio e a mais recente Eustáquio. Ambas as barragens são classe III o maior nível de classificação, segundo a classificação do COPAM.
A princípio, constatamos que as barragens da Kinrross foram construídas utilizando uma metodologia bem diferente daquelas usadas nos empreendimentos da Vale, que causaram desastres em Brumadinho na última semana e em Mariana no ano de 2015.
Construção antiga comprometia segurança em Brumadinho
A barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho-MG, foi construída em 1976, pela Ferteco Mineração (adquirida pela Vale em 27 de Abril de 2001), pelo método de alteamento a montante. A altura da barragem era de 86 metros, o comprimento da crista de 720 metros. Os rejeitos dispostos ocupavam uma área de 249,5 mil m2 e o volume disposto era de 11,7 milhões de m3.
Um professor do Curso de Engenharia de Minas da Faculdade FINOM confirmou à nossa reportagem que esse método de construção foi muito utilizado no Brasil nas décadas de 70 e 80 devido ao seu custo e por não haver uma legislação específica, mas já foi inclusive proibido no Brasil por não suportar grandes pressões de água e tremores de terra.
“Paracatu tem Método de construção mais moderno e seguro”
A barragem de Santo Antônio, que foi iniciada em 1987, conta com 676 metros de altura. Até o 8° alteamento, a barragem foi alteada utilizando o método jusante, mas a partir do 9° alteamento, a barragem foi alteada com o método de linha de centro modificada, considerado mais moderno e mais seguro.  A barragem chegou à capacidade máxima de 494 milhões de toneladas de rejeitos e segundo a empresa, não recebe mais produtos.
A outra barragem de rejeitos da Kinross é a barragem Eustáquio com aproximadamente 480 hectares de área, que ainda está em funcionamento. Já foi utilizado o método de jusante, mas atualmente está sendo utilizado o método de construção “linha de centro”.

Atualmente a barragem Eustáquio encontra-se no seu 6° alteamento, na cota 699 m, tendo a capacidade de armazenar 834,1 milhões de toneladas de rejeitos, de acordo com o laudo anexo ao pedido de renovação de licenciamento ambiental da Mina feito em 2018.
Barragem de Rejeitos de Paracatu é considerada de “Baixo Risco” e “Dano potencial alto”
No site da Departamento Nacional de Pesquisa Mineral, a barragem da Kinross é classificada como “Muito Grande”, última escala de grandeza por ser uma das maiores do mundo. Na categoria de risco é classificada como “baixo risco” e no quesito “dano potencial” classificada como “Alto”.
“Barragem perigosíssima”
Em reportagem veiculada no último sábado 26/01) a repórter Rachel Farias, (Ex-Jornal O Tempo), afirma que “cerca de 450 barragens de rejeitos instaladas por mineradoras em Minas representam um perigo permanente para as comunidades,” e destaca os dois casos, que segundo ela são mais críticos, um deles, seria a barragem da Kinross em Paracatu.
“A barragem da Mineração Kinross é perigosíssima, a maior mina de ouro em céu aberto no mundo. Essa barragem assusta por duas razões: a extração do ouro utiliza metais pesados (inclusive arsênio, que é cancerígeno), que são descartados com os demais dejetos; em caso de rompimento, uma lama mais tóxica que as liberadas em Mariana e Brumadinho pode contaminar o Rio Paracatu, que é o principal afluente do Rio São Francisco. Uma tragédia ambiental de proporções nacionais e inimagináveis.” Afirma a jornalista.

 
Questionada pela nossa reportagem, através de sua assessoria de imprensa, a Kinross Paracatu emitiu a seguinte nota à imprensa:
“A Kinross trabalha com as melhores práticas na construção de barragens e possui procedimentos rigorosos de manutenção e monitoramento, incluindo inspeções diárias e acompanhamento mensal por instrumentos e análise de dados.
 A empresa possui um plano de emergência sempre atualizado. Em novembro de 2017, a empresa realizou, em parceria com a Defesa Civil Municipal, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, treinamentos com comunidades vizinhas à barragem. A ação, que integra o plano de emergência da Kinross, visou repassar ao público informações sobre como proceder em situações de emergência.

Para reforçar a transparência de sua operação, ampliou o Programa de Visitas e incluiu a Barragem dentro do roteiro para que assim, os visitantes possam conhecer e tirar dúvidas com relação a nossa operação. Em 2018, mais de 1000 pessoas visitaram a Mina Morro do Ouro.
 Em 25 anos de história, a Kinross nunca teve qualquer evento de rompimento da barragem em suas nove operações ao redor do mundo. Todas as nossas instalações são projetadas, construídas e mantidas com os mais altos padrões de engenharia. A segurança e integridade física, incluindo a capacidade de resistir a tempestade e eventos sísmicos, são algumas das nossas principais considerações.”
Fiscalização dos órgãos competentes
Enviamos um pedido de informação à Secretaria do Meio Ambiente de Paracatu, questionando sobre a fiscalização, os planos de prevenção, evacuação em caso de tragédia e outras ações, mas ainda não recebemos retorno.


Por Paracatu.net




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