A tragédia ocorrida na última sexta-feira (25/01) em
Brumadinho MG, onde uma barragem de contenção de rejeitos da empresa Vale, se
rompeu e destruiu a área administrativa da empresa, vários povoados e deixou um
rastro de destruição na região, deixou moradores da cidade de Paracatu e
principalmente as comunidades vizinhas à área de operação da Kinross em
Paracatu muito preocupados.
Milhares de pessoas estão se manifestam nas redes sociais com base em
informações verdadeiras e também falsas, com fotos de outras barragens fora do
Brasil e até mesmo imagens de tragédias ocorridas há vários anos em outros
países.
Fizemos contato com Engenheiros, especialistas na área e também
consultamos a documentação disponível nos órgãos de fiscalização para trazer
algumas respostas aos internautas.
Em Paracatu, a Mina Morro do Ouro conta com duas instalações de
armazenamento de rejeitos de flotação,sendo a barragem mais antiga, Santo
Antônio e a mais recente Eustáquio. Ambas as barragens são classe III o maior
nível de classificação, segundo a classificação do COPAM.
A princípio, constatamos que as barragens da Kinrross foram construídas
utilizando uma metodologia bem diferente daquelas usadas nos empreendimentos da
Vale, que causaram desastres em Brumadinho na última semana e em Mariana no ano
de 2015.
Construção antiga comprometia
segurança em Brumadinho
A barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho-MG, foi construída em 1976,
pela Ferteco Mineração (adquirida pela Vale em 27 de Abril de 2001), pelo
método de alteamento a montante. A altura da barragem era de 86
metros, o comprimento da crista de 720 metros. Os rejeitos dispostos ocupavam
uma área de 249,5 mil m2 e o volume disposto era de 11,7 milhões de m3.
Um professor do Curso de Engenharia de Minas da Faculdade FINOM confirmou
à nossa reportagem que esse método de construção foi muito utilizado no Brasil
nas décadas de 70 e 80 devido ao seu custo e por não haver uma legislação
específica, mas já foi inclusive proibido no Brasil por não suportar grandes
pressões de água e tremores de terra.
“Paracatu tem Método de
construção mais moderno e seguro”
A barragem de Santo Antônio, que foi iniciada em 1987, conta com 676
metros de altura. Até o 8° alteamento, a barragem foi alteada utilizando o
método jusante, mas a partir do 9° alteamento, a barragem foi alteada com o
método de linha de centro modificada, considerado mais moderno e mais seguro.
A barragem chegou à capacidade máxima de 494 milhões de toneladas de rejeitos
e segundo a empresa, não recebe mais produtos.
A outra barragem de rejeitos da Kinross é a barragem Eustáquio com
aproximadamente 480 hectares de área, que ainda está em funcionamento. Já foi
utilizado o método de jusante, mas atualmente está sendo utilizado o método de
construção “linha de centro”.
Atualmente a barragem Eustáquio encontra-se no seu 6° alteamento, na cota
699 m, tendo a capacidade de armazenar 834,1 milhões de toneladas de rejeitos,
de acordo com o laudo anexo ao pedido de renovação de licenciamento ambiental
da Mina feito em 2018.
Barragem de Rejeitos de
Paracatu é considerada de “Baixo Risco” e “Dano potencial alto”
No site da Departamento Nacional de Pesquisa Mineral, a barragem da
Kinross é classificada como “Muito Grande”, última escala de grandeza por ser
uma das maiores do mundo. Na categoria de risco é classificada como “baixo
risco” e no quesito “dano potencial” classificada como “Alto”.
“Barragem perigosíssima”
Em reportagem veiculada no último sábado 26/01) a repórter Rachel Farias,
(Ex-Jornal O Tempo), afirma que “cerca de 450
barragens de rejeitos instaladas por mineradoras em Minas representam um perigo
permanente para as comunidades,” e destaca os dois casos, que segundo ela são
mais críticos, um deles, seria a barragem da Kinross em Paracatu.
“A barragem da Mineração
Kinross é perigosíssima, a maior mina de ouro em céu aberto no mundo. Essa
barragem assusta por duas razões: a extração do ouro utiliza metais pesados
(inclusive arsênio, que é cancerígeno), que são descartados com os demais
dejetos; em caso de rompimento, uma lama mais tóxica que as liberadas em
Mariana e Brumadinho pode contaminar o Rio Paracatu, que é o principal afluente
do Rio São Francisco. Uma tragédia ambiental de proporções nacionais e
inimagináveis.” Afirma a
jornalista.
Questionada pela nossa reportagem, através de sua assessoria de imprensa,
a Kinross Paracatu emitiu a seguinte nota à imprensa:
“A Kinross trabalha com as melhores práticas na construção de barragens e
possui procedimentos rigorosos de manutenção e monitoramento, incluindo
inspeções diárias e acompanhamento mensal por instrumentos e análise de dados.
A empresa possui um plano de emergência sempre atualizado. Em
novembro de 2017, a empresa realizou, em parceria com a Defesa Civil Municipal,
o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, treinamentos com comunidades vizinhas
à barragem. A ação, que integra o plano de emergência da Kinross, visou
repassar ao público informações sobre como proceder em situações de emergência.
Para reforçar a transparência de sua operação, ampliou o Programa de
Visitas e incluiu a Barragem dentro do roteiro para que assim, os visitantes
possam conhecer e tirar dúvidas com relação a nossa operação. Em 2018, mais de
1000 pessoas visitaram a Mina Morro do Ouro.
Em 25 anos de história, a Kinross nunca teve qualquer evento de
rompimento da barragem em suas nove operações ao redor do mundo. Todas as
nossas instalações são projetadas, construídas e mantidas com os mais altos
padrões de engenharia. A segurança e integridade física, incluindo a capacidade
de resistir a tempestade e eventos sísmicos, são algumas das nossas principais
considerações.”
Fiscalização dos órgãos
competentes
Enviamos um pedido de informação à Secretaria do Meio Ambiente de
Paracatu, questionando sobre a fiscalização, os planos de prevenção, evacuação
em caso de tragédia e outras ações, mas ainda não recebemos retorno.
Por Paracatu.net