O vice-governador de Minas Gerais Antonio Andrade (MDB) foi preso pela
Polícia Federal na manhã desta sexta-feira durante a Operação Capitu,
desdobramento da Lava Jato. Ele estaria envolvido em um esquema de
corrupção na época em que ele era ministro da Agricultura do governo
Dilma Rousseff (PT). Outros deputados estaduais de Minas seriam alvo da
ação. Agentes da PF e fiscais da Receita Federal estão na Assembleia
Legislativa de Minas e em outros endereços do estado nesta manhã.
Antonio Andrade estava na fazenda dele, em Vazante, na Região
Noroeste de Minas. Outro preso no estado é o deputado estadual João
Magalhães (MDB), que na época das investigações era deputado federal.
Os agentes cumprem mais de 60 mandados de busca e apreensão, sendo 26
em Minas (Belo Horizonte, Contagem, Nova Lima, Uberaba). Os outros são
em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba e Mato Grosso. Os executivos da
JBS Joesley Batista e Demilton de Castro também foram presos.
A ação tem por objetivo combater uma suposta fraude envolvendo
doações irregulares por parte de empresa de processamento de proteína
animal para diversos políticos e partidos. conforme a PF, os
Supermercados BH e EPA, grandes redes varejistas do estado, por meio de
seus controladores e diretores, participaram diretamente do esquema.
Suspeita-se que, devido ao grande movimento de dinheiro em espécie,
utilizou-se deste fluxo para dar ar de licitude a valores doados a
partidos e políticos, no período de agosto de 2014 a fevereiro de 2015.
O dinheiro era repassado pelas redes varejistas aos partidos e
políticos por meio da simulação de recebimento de duplicatas pela grande
empresa de processamento de proteína animal e pela transferência
financeira a seis escritórios de advocacia por serviços, supostamente
não realizados, acobertados por contratos simulados e notas fiscais de
tais escritórios.
Com o desenrolar das investigações foi descoberto ainda um esquema de
pagamento de vantagens indevidas a altos dirigentes do Ministério da
Agricultura e Pecuária (MAPA) por parte da grande empresa do ramo
alimentício, com a produção de legislação e atos normativos que
beneficiavam a essa grande empresa.
Na ação deflagrada nesta sexta participam mais de 100
auditores-fiscais e analistas-tributários da Receita Federal. Estão
sendo cumpridos 56 mandados de busca e apreensão e 18 prisões. A
operação ocorre em cinco estados e no Distrito Federal em 14 cidades,
entre elas, Belo Horizonte, Contagem, Nova Lima, Uberaba, São Paulo,
João Pessoa, Rio de Janeiro e Araraquara.
No estado de São Paulo, estão sendo cumpridas buscas em 14 locais, sendo
dez na capital, três em Araraquara e um em Cotia, além de seis mandados
de prisão. Participam no estado 28 auditores-fiscais e
analistas-tributários da Receita Federal.
As irregularidades podem configurar diversos crimes, entre eles,
constituição e participação em organização criminosa, obstrução de
justiça, falsificação de documentos, crime contra a ordem tributária,
corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. As propinas pagas aos
agentes públicos e políticos estão estimadas em mais de R$ 22 milhões. A
operacionalização do esquema envolveu agentes públicos, políticos e
partidos políticos, além de uma grande empresa do setor alimentício de
processamento de carnes, duas grandes redes de supermercados de Minas
Gerais e escritórios de advocacia.
Capitu
O aprofundamento das investigações teve como base as delações
premiadas de alguns dos investigados. Capitu, o nome da operação, faz
alusão a uma suposta traição de Capitu, personagem do livro Dom Casmurro
de Machado de Assis.
Ilustração da Receita Federal mostra como funcionava o esquema: