Antes de encontrar a
recém-nascida Isabela, então com apenas três horas de vida e
sequestrá-la, a médica Cláudia Alves Soares passou em outro quarto, onde
estavam dois meninos, porém, o objetivo dela era encontrar uma menina, segundo
a Polícia Civil. A mulher levou a bebê do Hospital de Clínicas da Universidade
Federal de Uberlândia (HC-UFU) na última
terça-feira (23).
Em entrevista ao Fantástico,
o delegado-chefe da Polícia Civil de Uberlândia, Marcos Tadeu de Brito Brandão,
disse que o fato de Claudia não tentar levar nenhum dos meninos, e os diversos
itens de bebê femininos encontrados com a médica, reforçam que ela procurava
uma menina.
“Ela entra no primeiro
quarto onde tinha dois meninos. É então que ela vai para o segundo, onde havia
um menino e a Isabela. Ela estava a procura de uma menina, e essa menina não
necessariamente era Isabela”, afirmou o delegado-chefe.
Menos de 24 horas após ser
levada pela médica, a bebê
foi encontrada na quarta-feira (24), em Itumbiara (GO).
Cláudia foi presa e deve responder pelo crime de sequestro
qualificado, cuja
pena pode chegar a 8 anos de prisão.
O crime
Isabela nasceu por volta das
20h do dia 23 de julho, de parto cesárea, no HC-UFU. Segundo a Polícia Civil, a
médica se aproveitou do fato de ser concursada no hospital, apresentou um crachá
provisório e entrou.
De acordo com a
investigação, na portaria do HC-UFU Claudia se apresentou como uma enfermeira
que substituiria uma colega. Para entrar na unidade, ela ainda usou nome e CPF
falsos.
Já dentro do hospital, a
médica se apresentou como pediatra e entrou inicialmente em um quarto onde
estavam dois meninos. Em seguida, ela foi para o quarto onde Isabela estava.
O pai, o motorista Edison
Ferreira Leandro Júnior, disse que a médica conseguiu enganar todo mundo.
“Ela era muito bem articulada.
Entrou, mexeu nos peitos da minha esposa para ver se tinha leite. Disse que era
pediatra e que ia levar a bebê para se alimentar. Minutos depois, eu vi que a
minha menina não voltava, e aí percebemos que ela tinha sido levada”, contou.
Com Isabela nos braços, a
médica foi até uma sala de prescrição obstétrica onde não há câmeras. Os
investigadores suspeitam que nesse momento Claudia escondeu a recém-nascida em
uma mochila.
A mulher saiu do hospital
com a bebê e fugiu em um carro vermelho. Segundo a Polícia Civil, quando os
pais notaram a demora do retorno da recém-nascida, o sistema de segurança do
hospital foi acionado, mas a médica já havia fugido.
Entenda
ponto a ponto a ação da mulher:
Um dos vídeos mostrou que
ela chegou de carro e estacionou em frente ao HC-UFU às 23h18;
Ela desceu do veículo usando
jaleco, touca, máscara, luvas de borracha e uma mochila amarela nas costas;
A
mulher caminhou até o hospital;
Às 23h55, ou seja, 37 minutos
depois de estacionar, a médica passou novamente pelas câmeras de monitoramento,
já carregando a recém-nascida em um dos braços;
Ela entrou pelo banco do
motorista e saiu logo em seguida.
A médica foi mantida presa
após a audiência de custódia feita na última quinta-feira (25), segundo o
advogado de defesa. O processo foi colocado em segredo de Justiça. Por
isso, não há mais detalhes da audiência de custódia.
A gerente de Atenção à Saúde
do HC-UFU, Liliane Passos, disse que iniciou uma apuração interna sobre as
circunstâncias e colabora com a investigação da polícia.
Quem
é a médica e o que diz a defesa
Cláudia se formou em
medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) em novembro
de 2004. Ela concluiu a residência em clínica médica na UFU em 2007 e finalizou
a residência em neurologia em novembro de 2011, na UFTM.
Em uma rede social, a médica
divulgou que no dia 13 de maio de 2024 tomou posse como professora na UFU.
Claudia também era professora efetiva da Faculdade de Medicina da Universidade
Estadual de Goiás (UEG) desde janeiro de 2019.
O advogado Vladimir Rezende,
responsável pela defesa da médica, explicou que ela tem transtorno bipolar e,
no momento dos fatos, se encontrava em crise psicótica, não tendo capacidade de
discernir sobre o que estava fazendo.
Do
sequestro ao reencontro com a mãe
Cláudia chegou de carro
estacionou em frente ao HC-UFU, às 23h18 da terça-feira (23);
Ela usava jaleco, touca,
máscara, luvas de borracha e uma mochila amarela nas costas;
A mulher caminhou até o
hospital e se apresentou como enfermeira, usando nome e CPF falsos;
Na unidade ela disse ser
pediatra e entrou nos quartos;
Primeiro ela entrou em um
quarto onde estavam dois meninos;
Ela saiu e entrou em outro
quarto, onde encontrou Isabela;
Cláudia disse para o pai de
Isabela que levaria a menina para amamentar e não retornou;
Antes de sair do HC-UFU, a
médica entrou em uma sala de prescrição obstétrica e escondeu Isabela na
mochila que levava nas costas;
Às 23h55, a médica passou
novamente pelas câmeras de monitoramento, já carregando a recém-nascida em um
dos braços;
Ela entrou pelo banco do
motorista e saiu logo em seguida;
Na quarta-feira (24),
Isabela foi encontrada em Itumbiara (GO), a 134 quilômetros de distância de
Uberlândia;
Cláudia Soares Alves, foi
presa na cidade goiana.
Fonte: G1