Brasil
Publicada em 30/07/24 às 09:09h
Médica presa por sequestro de bebê procurou em quartos de hospital até encontrar uma menina, diz delegado

Boa Nova FM

Antes de encontrar a recém-nascida Isabela, então com apenas três horas de vida e sequestrá-la, a médica Cláudia Alves Soares passou em outro quarto, onde estavam dois meninos, porém, o objetivo dela era encontrar uma menina, segundo a Polícia Civil. A mulher levou a bebê do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) na última terça-feira (23).

 

Em entrevista ao Fantástico, o delegado-chefe da Polícia Civil de Uberlândia, Marcos Tadeu de Brito Brandão, disse que o fato de Claudia não tentar levar nenhum dos meninos, e os diversos itens de bebê femininos encontrados com a médica, reforçam que ela procurava uma menina.

 

“Ela entra no primeiro quarto onde tinha dois meninos. É então que ela vai para o segundo, onde havia um menino e a Isabela. Ela estava a procura de uma menina, e essa menina não necessariamente era Isabela”, afirmou o delegado-chefe.

 

Menos de 24 horas após ser levada pela médica, a bebê foi encontrada na quarta-feira (24), em Itumbiara (GO). Cláudia foi presa e deve responder pelo crime de sequestro qualificado, cuja pena pode chegar a 8 anos de prisão.

 

O crime

 

Isabela nasceu por volta das 20h do dia 23 de julho, de parto cesárea, no HC-UFU. Segundo a Polícia Civil, a médica se aproveitou do fato de ser concursada no hospital, apresentou um crachá provisório e entrou.

 

De acordo com a investigação, na portaria do HC-UFU Claudia se apresentou como uma enfermeira que substituiria uma colega. Para entrar na unidade, ela ainda usou nome e CPF falsos.

 

Já dentro do hospital, a médica se apresentou como pediatra e entrou inicialmente em um quarto onde estavam dois meninos. Em seguida, ela foi para o quarto onde Isabela estava.

 

O pai, o motorista Edison Ferreira Leandro Júnior, disse que a médica conseguiu enganar todo mundo.

 

“Ela era muito bem articulada. Entrou, mexeu nos peitos da minha esposa para ver se tinha leite. Disse que era pediatra e que ia levar a bebê para se alimentar. Minutos depois, eu vi que a minha menina não voltava, e aí percebemos que ela tinha sido levada”, contou.

 

Com Isabela nos braços, a médica foi até uma sala de prescrição obstétrica onde não há câmeras. Os investigadores suspeitam que nesse momento Claudia escondeu a recém-nascida em uma mochila.

 

A mulher saiu do hospital com a bebê e fugiu em um carro vermelho. Segundo a Polícia Civil, quando os pais notaram a demora do retorno da recém-nascida, o sistema de segurança do hospital foi acionado, mas a médica já havia fugido.

 

Entenda ponto a ponto a ação da mulher:

 

Um dos vídeos mostrou que ela chegou de carro e estacionou em frente ao HC-UFU às 23h18;

 

Ela desceu do veículo usando jaleco, touca, máscara, luvas de borracha e uma mochila amarela nas costas;

A mulher caminhou até o hospital;

 

Às 23h55, ou seja, 37 minutos depois de estacionar, a médica passou novamente pelas câmeras de monitoramento, já carregando a recém-nascida em um dos braços;

 

Ela entrou pelo banco do motorista e saiu logo em seguida.

 

A médica foi mantida presa após a audiência de custódia feita na última quinta-feira (25), segundo o advogado de defesa. O processo foi colocado em segredo de Justiça. Por isso, não há mais detalhes da audiência de custódia.

 

A gerente de Atenção à Saúde do HC-UFU, Liliane Passos, disse que iniciou uma apuração interna sobre as circunstâncias e colabora com a investigação da polícia.

 

Quem é a médica e o que diz a defesa

 

Cláudia se formou em medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) em novembro de 2004. Ela concluiu a residência em clínica médica na UFU em 2007 e finalizou a residência em neurologia em novembro de 2011, na UFTM.

 

Em uma rede social, a médica divulgou que no dia 13 de maio de 2024 tomou posse como professora na UFU. Claudia também era professora efetiva da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Goiás (UEG) desde janeiro de 2019.

 

O advogado Vladimir Rezende, responsável pela defesa da médica, explicou que ela tem transtorno bipolar e, no momento dos fatos, se encontrava em crise psicótica, não tendo capacidade de discernir sobre o que estava fazendo.

 

Do sequestro ao reencontro com a mãe

 

Cláudia chegou de carro estacionou em frente ao HC-UFU, às 23h18 da terça-feira (23);

 

Ela usava jaleco, touca, máscara, luvas de borracha e uma mochila amarela nas costas;

 

A mulher caminhou até o hospital e se apresentou como enfermeira, usando nome e CPF falsos;

 

Na unidade ela disse ser pediatra e entrou nos quartos;

 

Primeiro ela entrou em um quarto onde estavam dois meninos;

 

Ela saiu e entrou em outro quarto, onde encontrou Isabela;

 

Cláudia disse para o pai de Isabela que levaria a menina para amamentar e não retornou;

 

Antes de sair do HC-UFU, a médica entrou em uma sala de prescrição obstétrica e escondeu Isabela na mochila que levava nas costas;

 

Às 23h55, a médica passou novamente pelas câmeras de monitoramento, já carregando a recém-nascida em um dos braços;

 

Ela entrou pelo banco do motorista e saiu logo em seguida;

 

Na quarta-feira (24), Isabela foi encontrada em Itumbiara (GO), a 134 quilômetros de distância de Uberlândia;

 

Cláudia Soares Alves, foi presa na cidade goiana.

 

Fonte: G1




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