(Foto: Ilustrativa)
O governador Romeu Zema
(Novo) de Minas anunciou que irá punir laticínios mineiros que importarem leite
em pó da Argentina ou do Uruguai. O anúncio foi feito nesta segunda-feira
(18/3), durante o Minas Grita pelo Leite, que o Governo do Estado vai retirar as
empresas importadoras de leite em pó do Regime Especial de Tributação. A medida
vem em sintonia com a mobilização em defesa dos produtores mineiros, promovida
pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), no
Expominas, em Belo Horizonte.
As empresas que insistirem
com a importação do leite em pó passam a pagar o ICMS, de 18%, no momento da
comercialização dos produtos importados.
No ano passado, as
importações mineiras de leite em pó somaram de US$ 62,6 milhões. E, neste ano,
as compras continuam crescentes. No primeiro bimestre deste ano, as importações
já alcançaram US$ 12,7 milhões, representando 20,3% do valor de 2023.
De acordo com Jônadan Hsuan
Min Ma, presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite da Faemg, a importação
de leite começou no governo Jair Bolsonaro (PL) e ganhou força no início do
governo Lula. “São inéditos 22 meses de aumento expressivo na importação de
leite. Começou em julho de 2022, tendo é cresceu muito rápido. Chegamos ao
limite de termos uma importação equivalente a 11% da produção nacional de leite
em pó”, destaca.
A situação teria iniciado em
julho de 2022, quando o leite integral por exemplo alcançou um pico de quase R$
8, sendo um reflexo da recuperação econômica pós pandemia de Covid-19, que
desestruturou diversas cadeias produtivas. A importação de leite teve início e,
de acordo com Jônadas, os atacadistas “viram que era fácil importar e
preferiram facilitar este processo”, avalia.
Plano de ações
Os produtores querem quatro
ações do governo federal para proteger o mercado nacional. Antônio Pitangui de
Salvo, presidente da Faemg, estabeleceu quais os objetivos do movimento: a
suspensão das importações de Argentina e Uruguai ou adoção medidas
compensatórias ou salvaguardas imediatas; o Plano Nacional de Renegociação de
Dívidas de todos os produtores de leite; a inserção permanente do leite nos
Programas Sociais do Governo Federal e a ampliação da fiscalização no âmbito do
Decreto 11.732/2023, que controla a importação de leite e incentiva a venda de
leite in natura.
Aumento de preços
O governador falou que isso
não significa que irá aumentar o preço do leite que chega aos consumidores, já
que o aumento de importação não refletiu em queda no valor pago pelo consumidor
final. Segundo ele, será um aumento de custo para “alguns poucos” laticínios
que tem gerado uma concorrência desleal contra a maioria dos fabricantes.
“O Estado irá retirar o Regime Especial de Tributação daqueles laticínios que
têm importado leite, dando mais condição de competir em igualdade com o produto
importado”.
Um desses produtores é
Wedson Pinheiro, que tem produção há mais de 60 anos na cidade de Carlos Chagas
no Vale do Mucuri. “Houve uma mudança de governo e até a intenção de ajudar os
mais pobres, mas quem está pagando por isso é a classe produtora. Nós temos um
custo, comprar os animais, a ração, e está ficando inviável tirar o leite com
um custo alto e retorno baixo”, diz.
Ele explica que, para o
produtor, em sua região, o preço pago pelo litro de leite está entre R$ 1,97 e
R$ 2 e acredita que a maior parcela do ganho esteja ficando no varejo. “Por
isso a gente tem que estar unido para dividir melhor esta conta”, diz.
Dados oficiais mostram que,
em janeiro de 2024, o valor médio pago ao produtor foi de R$ 2,11 pelo litro de
leite, inferior ao mesmo mês de 2023, quando estava em R$ 2,51. Os números
evidenciam o impacto negativo das importações nos preços pagos aos produtores
mineiros. Em 2022, o preço médio do litro de leite havia sido de R$ 2,71.
Fonte: O Tempo