O Ministério Público pede,
na Justiça, que o influenciador César Rincón seja responsabilizado pelos estragos causados ao conjunto arquitetônico de Paracatu, no
Noroeste de Minas Gerais, após uma “caça ao tesouro” promovida por
ele. O órgão pede indenização por danos morais, conforme o valor que será
apurado pelos órgãos técnicos, e danos morais coletivos em quantia superior a
R$ 1 milhão.
A Ação Civil Pública também
pede que o influenciador arque com danos imateriais causados, por meio do
financiamento de uma campanha de educação patrimonial, no valor mínimo de R$
100 mil. Além disso, requer o bloqueio de dinheiro ou bens até a quantia de R$
100 mil, para “garantia do início da reparação mínima dos danos”.
Depredação
Em 7 de novembro deste ano,
o influenciador divulgou que entregaria um prêmio de R$ 5 mil para quem
encontrasse chaveiros escondidos por ele em praças de Paracatu. A informação
foi compartilhada no Instagram, rede em que César conta com 1,8 milhão de
seguidores.
A ‘caça ao tesouro’ gerou
repercussão na cidade. Quando divulgado que os chaveiros estariam nas praças do
Santana, Mario Praça e da escola Antônio Carlos, uma multidão iniciou uma busca
desenfreada pelos objetos. A procura resultou em danos ao patrimônio público e
risco para os participantes, reforça o Ministério Público.
Conforme ata do Conselho
Municipal do Patrimônio Histórico, entre os danos causados estão: calçamento de
pedra arrancado, lixeiras e bancos avariados, meio-fio arrancado, grama
pisoteada, luminárias e torneiras quebradas, ocasionando vazamento de água.
A praça do Santana, parte do
conjunto arquitetônico reconhecido nacionalmente como patrimônio cultural,
reuniu a maior aglomeração de pessoas, que chegaram a escalar a fachada da
Igreja de Sant’Ana. Foram acionadas as Polícias Militar e Civil, além da
Secretaria de Cultura e da Defesa Civil.
Sem comunicação prévia
O Ministério Público adverte
que o influenciador não pediu autorização para o evento, tampouco comunicou
previamente a Polícia Militar. Com isso, pede que ele seja proibido de promover
qualquer evento que possa ocasionar aglomeração de pessoas em Paracatu sem
comunicar previamente as autoridades competentes, sob pena de multa de R$ 500
mil em caso de descumprimento.
Segundo o Ministério
Público, após a repercussão negativa do ocorrido, o influenciador usou as redes
sociais para dizer que não imaginava as “consequências” da caça ao tesouro. No
entanto, depois, segundo o órgão, “passou a minimizar o feito, se eximir de
qualquer responsabilidade, ridicularizar o patrimônio cultural da cidade e
insuflar a população contra o representante do Executivo”.
A reportagem tentou contato
com o influenciador e aguarda retorno. O texto será atualizado em caso de
resposta.
Caso semelhante em BH
No início deste mês, Belo
Horizonte registrou um caso similar ao de Paracatu, desta vez envolvendo outro
influenciador. A Praça da Liberdade teve parte da sua estrutura destruída por
pessoas que estavam à procura de três envelopes com dinheiro escondidos no
local.
O caso ocorreu na véspera da
inauguração da iluminação de Natal do espaço, cartão-postal da capital mineira.
A Polícia Militar chegou a ser acionada e interrompeu a procura dos populares
pelos envelopes.
Fonte: O Tempo